Sanções dos EUA paralisam principal fornecedora de petróleo da Sérvia e causam impacto imediato

Sanções dos EUA contra a NIS, principal fornecedora de petróleo da Sérvia, causam falhas em pagamentos e ameaçam o abastecimento energético do país.

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As sanções dos Estados Unidos contra a Indústria do Petróleo da Sérvia (NIS), controlada pela Rússia, entraram em vigor nesta quinta-feira (9) e já provocam reflexos na economia e no abastecimento do país. A medida encerrou meses de adiamentos e cancelou a licença especial que permitia à empresa operar normalmente, afetando o sistema de pagamentos e gerando incertezas sobre o fornecimento de energia.

A NIS, responsável pela única refinaria de petróleo da Sérvia e mais de 330 postos de combustível, confirmou que não conseguiu renovar a autorização do Tesouro americano. A partir das 6h, os pagamentos com cartões MasterCard e Visa deixaram de funcionar nos postos, devido à dependência dos sistemas financeiros dos EUA. Apesar disso, a empresa informou que os pagamentos em dinheiro continuam válidos e que o abastecimento segue normal.

A diretora de varejo da NIS, Bojana Radojevic, afirmou que as vendas ocorrem “sem restrições de quantidade” e garantiu que há reservas suficientes de petróleo para o momento. Ainda assim, o temor cresce entre consumidores e autoridades quanto aos impactos de médio prazo.

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Estrutura e efeitos econômicos

As sanções miram a NIS por sua forte ligação com empresas russas. A Gazprom Neft detém 44,9% da companhia, enquanto outra entidade ligada à Gazprom possui 11,3%. O Estado sérvio é dono de cerca de 30%, e o restante está em mãos de acionistas minoritários.

O presidente Aleksandar Vučić alertou que a situação pode se agravar, pois “nenhum banco no mundo arriscaria violar sanções dos EUA”. A NIS supre mais de 80% do diesel e da gasolina consumidos na Sérvia, o que ameaça setores como a agricultura e o transporte aéreo.

A empresa croata JANAF, que fornece petróleo bruto à NIS, afirmou que pode perder 18 milhões de euros neste ano com a suspensão dos contratos, embora tenha recebido uma prorrogação até 15 de outubro para concluir entregas pendentes.

Além do risco de desabastecimento, o impacto financeiro é expressivo: a NIS representa quase 12% do orçamento estatal e 6,9% do PIB da Sérvia, empregando cerca de 5 mil pessoas. Vučić declarou que, a partir de agora, as negociações ocorrerão diretamente com Moscou: “Não temos mais nada a discutir com os americanos”, disse.

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