Vídeos que viciam seu cérebro e impactam sua saúde mental
Descubra como vídeos curtos nas redes sociais viciam o cérebro e afetam sono, memória e saúde mental, e como se proteger desse efeito.

O que parecia apenas um hábito inofensivo de passar o tempo assistindo vídeos curtos nas redes sociais tem se mostrado cada vez mais preocupante para o cérebro e a saúde mental das pessoas. Muitos usuários não percebem, mas o ato de rolar o feed incessantemente ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina, o neurotransmissor ligado ao prazer. Esse ciclo de estímulo constante cria um efeito viciante que torna difícil focar, parar e até descansar, afetando especialmente pessoas com TDH, ansiedade, impulsividade ou compulsões, sejam alimentares ou de consumo.
Segundo especialistas, os impactos vão além do psicológico. Neurologistas e psiquiatras relatam que o uso excessivo de telas pode causar falhas de memória, irritabilidade, sono fragmentado e sintomas físicos como tontura, também conhecida como cinetose digital ou cyber sickness. Essa condição ocorre quando o cérebro recebe estímulos visuais rápidos em excesso, como na rolagem contínua de vídeos ou jogos digitais, e reage como se estivesse em movimento constante, resultando em náusea, instabilidade e sensação de mal-estar.
O fenômeno é ainda mais preocupante porque muitas pessoas tentam usar as redes como forma de relaxamento, mas acabam intensificando o estresse crônico. Um simples momento de distração pode, na prática, desregular a dopamina, fragmentar o sono e comprometer a atenção, como relata um caso recente em que um motorista de aplicativo dirigia enquanto rolava o feed incessantemente, dividindo sua atenção e aumentando o risco de acidentes.
Especialistas alertam que não se trata de falta de disciplina, mas de um efeito neurológico real que exige atenção e intervenção. Para reduzir os impactos, recomenda-se estabelecer horários de uso de telas, evitar rolar feeds antes de dormir ou durante atividades que exigem foco, ativar modos de leitura sempre que possível e, sobretudo, não se culpar pelo hábito. Quando os sintomas já se manifestam de forma intensa, procurar ajuda médica é essencial. Tanto neurologistas quanto psiquiatras podem auxiliar com ajustes de rotina, terapias comportamentais e, se necessário, medicações para reprogramar a resposta do cérebro aos estímulos digitais.
A realidade é que a tecnologia moderna foi projetada para prender a atenção, mas com consciência e cuidados simples, é possível retomar o controle do tempo e proteger a saúde mental. Reconhecer o efeito dos vídeos no cérebro é o primeiro passo para quebrar o ciclo viciante e recuperar momentos de descanso e foco.