China intensifica fiscalização alfandegária em chips da Nvidia
China reforça inspeções sobre chips da Nvidia, ampliando o controle alfandegário e acelerando a busca por independência na produção de semicondutores.

A China ampliou a fiscalização sobre a entrada de chips da Nvidia em seus portos, marcando uma nova etapa na corrida global pela soberania tecnológica. A medida reflete o esforço de Pequim para reduzir a dependência de semicondutores estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos, e impulsionar o desenvolvimento de sua própria indústria de chips de inteligência artificial (IA).
Nas últimas semanas, equipes de agentes alfandegários foram destacadas para os principais portos do país com a missão de inspecionar minuciosamente as importações de semicondutores. De acordo com o Financial Times, o foco está em processadores como o H20 e o RTX Pro 6000D, modelos da Nvidia desenvolvidos especificamente para o mercado chinês. Entretanto, o escopo das verificações se expandiu para incluir qualquer chip avançado que possa infringir os controles de exportação impostos pelos Estados Unidos.
A intensificação das inspeções ocorre após diretrizes emitidas em setembro pela Administração do Ciberespaço da China, que orientaram grandes empresas de tecnologia, como ByteDance e Alibaba, a suspender pedidos e testes de produtos da Nvidia. A iniciativa mirava justamente os modelos projetados para contornar as restrições norte-americanas sobre vendas de chips de IA ao território chinês.
A medida sinaliza uma transição clara: de uma abordagem regulatória para uma política de controle direto nas fronteiras. Pequim quer acelerar o processo de independência tecnológica e já projeta triplicar a produção de chips domésticos até o próximo ano. Novas fábricas estão sendo erguidas com foco em processadores de IA produzidos internamente, reforçando o movimento de substituição de tecnologia estrangeira por soluções locais.
Entre as beneficiadas, destaca-se a Cambricon Technologies, apelidada de “Nvidia da China”. A empresa registrou um crescimento de 4.400% na receita no primeiro semestre de 2025, totalizando US$ 402,7 milhões e alcançando lucros recordes de US$ 144 milhões. Seu processador Siyuan 690 já é visto como uma alternativa nacional aos chips restritos da Nvidia.
Outros nomes de peso, como Huawei Technologies e SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corp), também avançam rapidamente. A Huawei amplia sua linha de chips de IA Ascend, enquanto a SMIC planeja dobrar sua capacidade de produção de 7 nanômetros até o próximo ano, consolidando a infraestrutura de semicondutores do país.
A tensão entre Washington e Pequim vai além das fronteiras tecnológicas. Recentemente, a China anunciou novos controles sobre elementos de terras raras, insumos fundamentais na fabricação de chips, o que adiciona mais um capítulo à disputa entre as duas potências.
Para a Nvidia, o impacto é expressivo. O mercado chinês, que já respondia por cerca de US$ 17 bilhões anuais, agora enfrenta barreiras que reduziram sua participação local de 90-95% para cerca de 50%. Segundo o CEO Jensen Huang, o mercado chinês de IA, avaliado em US$ 50 bilhões, está “efetivamente fechado” para as empresas americanas de data centers, refletindo o avanço rápido da autossuficiência tecnológica da China.