Será que o celular escuta minhas conversas? Entenda o que realmente acontece
Entenda por que muitas pessoas acreditam que o celular escuta conversas e o que realmente está por trás dos anúncios direcionados.

A sensação de que o celular escuta nossas conversas é quase universal. Quem nunca comentou sobre um produto e, minutos depois, viu um anúncio sobre ele no Instagram ou no Google? Essa coincidência recorrente desperta desconfiança em milhões de pessoas, que acreditam estar sendo monitoradas o tempo todo pelos seus próprios dispositivos.
Foi o caso da Joyce, que viveu uma situação curiosa. “Tava falando com o meu marido, o telefone tava em cima da mesa. A gente comentou sobre um assunto que nunca pesquisamos. Quando peguei o celular, lá estava um anúncio sobre aquilo. É muito estranho. Não sei se é coincidência ou se o celular está mesmo nos ouvindo”, contou. E ela não é a única com essa impressão. Outro usuário também relatou: “Eu acho que tá tendo uma forma de espionagem. Aparece no Google, no TikTok, em todas as redes que eu uso. É assustador”.
A dúvida ficou tão grande que até o chefe do Instagram, Adam Mosseri, precisou se pronunciar. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ele negou categoricamente que os aplicativos estejam espionando as conversas dos usuários. Mosseri explicou que, além de ser ilegal em praticamente todos os países, a prática seria tecnicamente inviável. “Se os celulares estivessem nos ouvindo o tempo todo, haveria um enorme gasto de bateria e o usuário perceberia isso”, afirmou. Ele também lembrou que os sistemas operacionais atuais exibem uma luz indicadora quando o microfone está em uso.
Mosseri ainda sugeriu que o fenômeno pode ter explicações mais simples: o usuário pode ter sido impactado por anúncios baseados em interesses parecidos com os de pessoas próximas ou até por coincidências cognitivas — quando prestamos mais atenção a algo após termos falado sobre o tema.
Especialistas em tecnologia concordam que a espionagem direta é improvável, mas alertam que o cruzamento de dados pessoais é o verdadeiro motivo da precisão dos anúncios. “A segmentação publicitária hoje é extremamente avançada. São cruzados mais de 2.000 fatores, como pesquisas recentes, interações nas redes sociais, grau de relacionamento com outras pessoas e até o tempo gasto em determinados tipos de conteúdo”, explica um analista do setor.
Ou seja, o celular não precisa ouvir o que você fala para saber o que você deseja. As informações que você mesmo compartilha na internet — por meio de cliques, curtidas e buscas — já dizem praticamente tudo sobre seus interesses. O que parece mágica ou espionagem, na verdade, é apenas o reflexo de um sistema de publicidade direcionada cada vez mais inteligente e invasivo.