Por que celulares roubados do brasil chegam à china?
Investigação da polícia de Londres revela esquema que teria enviado até 40.000 celulares roubados do Reino Unido para a China, após apreensão em armazém.

Um rastreamento aparentemente simples — o sinal de um iPhone perdido — terminou em uma investigação que revelou uma das maiores redes de roubo e contrabando de aparelhos móveis já identificadas pela polícia de Londres.
As autoridades dizem que a descoberta de uma caixa com cerca de 1.000 iPhones em um armazém próximo ao aeroporto de Heathrow desencadeou investigações que apontam para o envio sistemático de celulares roubados do Reino Unido para a China e Hong Kong.
Segundo o Met (Polícia Metropolitana de Londres), a operação, batizada de Operation Echosteep, apurou que o esquema pode ter movimentado até 40.000 aparelhos no último ano — número que, se confirmado, representa uma fatia expressiva dos furtos de celular registrados na capital inglesa. As prisões e apreensões realizadas nas últimas semanas surgiram após a análise forense de remessas interceptadas e do cruzamento de evidências coletadas nos locais de armazenamento.
Especialistas consultados pelas investigações destacam que os criminosos miram, sobretudo, modelos de alto valor de revenda, como os produzidos pela Apple. A lógica é simples: enquanto o bloqueio homologado por órgãos nacionais pode inutilizar um aparelho em determinado país, a demanda e os canais de revenda no exterior tornam o comércio ilegal mais lucrativo — e mais difícil de rastrear.
Documentos e declarações oficiais citam pagamentos a participantes da cadeia criminosa que chegavam a centenas de libras por aparelho roubado, e preços muito maiores nos mercados receptores.
Para vítimas como passageiros que só percebem a perda quando checam seus aplicativos de localização, a queda emocional e prática é enorme. Alguns proprietários conseguiram seguir o rastro dos aparelhos por dias até que o sinal desapareceu ou indicou destinos no exterior, inclusive cidades na China.
A polícia afirma que, além do trabalho tradicional de investigação, o uso combinado de inteligência sobre remessas, análises forenses e cooperação internacional foi essencial para identificar pontos de saída e responsáveis pela logística.
A operação londrina também acendeu um alerta sobre como quadrilhas adaptam métodos para driblar bloqueios — desde a criação de rotas de envio até técnicas usadas para esconder a origem dos aparelhos.
Autoridades pedem atenção redobrada dos proprietários: manter backups, ativar bloqueios remotos e denunciar o furto imediatamente, além de desconfiar de mensagens que solicitem senhas sob pretexto de “liberar” localização ou acesso — práticas que podem agravar a situação e facilitar a ação de fraudadores.
A investigação segue em curso, com novas diligências e cooperação com parceiros internacionais para interromper fluxos de contrabando e reduzir a oferta que alimenta esse mercado ilegal. Para quem teve um aparelho levado, a recomendação das autoridades é formalizar o boletim de ocorrência e procurar meios oficiais para o bloqueio do IMEI e a recuperação de dados, quando possível.