Google alerta: Proibição de redes sociais para menores pode sair do controle

Google alerta que proibição de mídias sociais para menores de 16 anos na Austrália enfrenta grandes desafios de aplicação e segurança online.

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O Google levantou preocupações importantes sobre a proibição de mídias sociais para menores de 16 anos na Austrália, destacando que a implementação da lei será extremamente desafiadora e pode gerar efeitos inesperados, sem garantir maior segurança para os jovens usuários. A advertência foi feita durante uma audiência parlamentar nesta segunda-feira, enquanto o país se prepara para ser o primeiro a adotar tais restrições, com a legislação prevista para entrar em vigor em 10 de dezembro de 2025.

Rachel Lord, gerente sênior de assuntos governamentais do YouTube na Austrália, afirmou ao Comitê de Referências do Senado sobre Meio Ambiente e Comunicações que, embora a iniciativa do governo seja bem-intencionada, a lei não cumprirá sua promessa de proteger as crianças. Ela enfatizou que a aplicação será complicada e pode prejudicar mecanismos de segurança já existentes nas plataformas.

O YouTube, que inicialmente havia sido excluído da proibição devido à sua utilização educacional, foi incluído na lista de plataformas em julho de 2025, após questionamentos de outras empresas de tecnologia. Segundo o Google, a plataforma funciona mais como um serviço de compartilhamento de vídeos do que como uma rede social, e não deveria ser limitada pelas novas regras.

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A empresa alertou que forçar crianças a acessarem o YouTube sem contas poderia, na prática, remover proteções de segurança, incluindo filtros de conteúdo por idade e controles parentais. Rachel Lord explicou que o YouTube já oferece recursos voltados a diferentes faixas etárias e ferramentas que ajudam os pais a gerenciar o consumo de conteúdo dos filhos.

Ela destacou ainda que a proibição poderia desativar restrições em recomendações de vídeos, deixando crianças expostas a conteúdos prejudiciais, como idealizações de padrões corporais ou conteúdos não saudáveis de condicionamento físico.

Outro desafio da lei australiana é a forma como a verificação de idade será aplicada. Diferente de métodos tradicionais, a legislação exige que as plataformas utilizem inteligência artificial e dados comportamentais para inferir a idade dos usuários. Empresas que não cumprirem as regras podem enfrentar multas de até 49,5 milhões de dólares australianos, cerca de 31 milhões de dólares americanos.

Em relação às repercussões internacionais, Stef Lovett, diretora de assuntos governamentais do Google Austrália, confirmou que a equipe da empresa nos Estados Unidos acompanha os problemas enfrentados no país. A medida surge em meio a debates sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental de jovens e abrange plataformas populares como Facebook, Instagram, Snapchat, TikTok, X e YouTube, com o objetivo de proteger adolescentes das pressões e riscos online durante uma fase crucial do desenvolvimento.

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A legislação, aprovada em novembro de 2024, coloca a Austrália na linha de frente mundial de políticas de proteção digital, mas os desafios técnicos e legais apontados pelo Google mostram que sua implementação poderá ser muito mais complicada do que se imaginava.

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