Pulsos de magma indicam futuro novo oceano na África
Pulsos de rocha derretida estão separando a África lentamente, um processo que pode criar um novo oceano no futuro.

Cientistas revelam que pulsos de rocha derretida estão gradualmente separando a África, um processo que, ao longo de milhões de anos, pode formar um novo oceano. Um estudo recente publicado na revista Nature Geoscience aponta que a região de Afar, no nordeste da Etiópia, abriga uma pluma de manto quente que se comporta de forma rítmica, como se o coração da Terra batesse sob o continente.
A pesquisa, conduzida pela geóloga Emma Watts, da Universidade de Swansea, analisou mais de 130 amostras de rochas vulcânicas e revelou que o manto terrestre sob a área “não é uniforme nem estático – ele pulsa, e cada pulso carrega sinais químicos únicos”. Esses movimentos repetitivos funcionam como uma espécie de respiração do planeta, fazendo com que o calor suba, o solo se expanda e o continente se divida lentamente.
A região de Afar é conhecida como uma das mais instáveis geologicamente do planeta, marcada pelo encontro de três grandes falhas tectônicas: o Rifte da África Oriental, o Rifte do Mar Vermelho e o Rifte do Golfo de Áden. As placas Nubiana e Somaliana se afastam a uma taxa de cerca de sete milímetros por ano, criando rachaduras que podem ser observadas até em imagens de satélite.
O fenômeno já resultou em fissuras de vários quilômetros em países como Etiópia, Quênia, Tanzânia e Moçambique, demonstrando que o movimento é constante e ativo. Um exemplo marcante ocorreu em 2005, quando uma série de 420 terremotos abriu uma fenda de 60 quilômetros no deserto etíope, evidenciando a força e a continuidade desse processo.
Os especialistas estimam que, se a atividade mantiver seu ritmo, o Oceano Índico poderá ocupar a crescente fenda no futuro distante, formando uma nova bacia oceânica. Esse evento poderia separar o Chifre da África do restante do continente, repetindo um ciclo geológico semelhante ao que criou o Oceano Atlântico.
Derek Keir, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Southampton, destacou que “a pluma concentra a atividade vulcânica em áreas onde as placas são mais finas”. Já Tom Gernon, também da Universidade de Southampton, acrescentou que “os pulsos mudam conforme a espessura das placas”, oferecendo uma nova visão sobre como o interior da Terra interage com sua superfície.
A descoberta reforça a ideia de que a Terra é um organismo vivo em constante transformação, com processos que moldam o planeta de maneira lenta, mas contínua, lembrando que mudanças geológicas podem acontecer em escalas temporais muito maiores do que a vida humana.