Correlação entre Bitcoin e ouro alcança nível recorde desde abril
A correlação entre Bitcoin e ouro chega a 0,85, mostrando forte ligação entre os dois ativos em meio à instabilidade econômica global.

A relação entre Bitcoin e ouro atingiu nesta segunda-feira, 14 de outubro, um nível de 0,85, marcando a maior correlação registrada desde abril de 2024. Esse aumento indica uma mudança significativa na percepção de investidores institucionais em relação à maior criptomoeda do mundo, especialmente em um momento de incertezas econômicas globais.
O crescimento da correlação reflete um fenômeno crescente no mercado financeiro: o Bitcoin vem sendo cada vez mais associado à função tradicional do ouro como ativo de refúgio seguro. Enquanto o ouro atingiu a marca recorde de US$ 4.179,48 por onça, acumulando uma valorização de 57% no ano, o Bitcoin era negociado por volta de US$ 113.144, após uma retração de sua máxima histórica acima de US$ 125.000.
Esse movimento conjunto ocorre em meio a tensões comerciais entre Estados Unidos e China, além de expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.
Especialistas destacam que a aproximação dos preços de Bitcoin e ouro não é apenas coincidência. Andrei Grachev, sócio-gerente da DWF Labs, comparou o comportamento da criptomoeda à trajetória histórica do ouro. Segundo ele, “o ouro foi amplamente usado como moeda antes de se consolidar como reserva de valor. O Bitcoin segue um caminho similar, e isso explica por que seus preços começam a refletir a dinâmica do ouro”. Essa perspectiva evidencia o crescente reconhecimento do Bitcoin como alternativa de proteção contra inflação e instabilidade econômica.
Apesar da forte correlação, os mercados mostram que cada ativo ainda reage de forma distinta a eventos específicos. Recentes ameaças de tarifas elevadas entre EUA e China provocaram volatilidade no preço do Bitcoin, enquanto o ouro manteve seu movimento de alta. Fundos de investimento em criptomoedas, como ETFs à vista de Bitcoin e Ethereum, registraram saídas combinadas de US$ 755 milhões em 13 de outubro, embora o índice IBIT tenha seguido com entradas pelo décimo dia consecutivo.
O mercado de criptomoedas como um todo também sentiu os impactos macroeconômicos. A capitalização total caiu abaixo de US$ 4 trilhões, chegando a US$ 3,97 trilhões em 14 de outubro, com nove das dez principais moedas digitais apresentando queda. Paralelamente, autoridades do Federal Reserve, incluindo a governadora Michelle Bowman, sinalizam a possibilidade de mais dois cortes nas taxas de juros ainda este ano, um fator que pode fortalecer tanto o ouro quanto o Bitcoin como alternativas aos investimentos tradicionais.
A consolidação da correlação entre Bitcoin e ouro reforça a ideia de que a maior criptomoeda do mundo está se aproximando de um papel semelhante ao do ouro, sendo cada vez mais considerada um refúgio seguro diante de cenários econômicos instáveis.