Gol e Azul registram perdas próximas a 100% desde o início da pandemia
Gol e Azul acumulam perdas históricas desde a pandemia, enquanto algumas aéreas internacionais mostram recuperação sólida e valorização em dólar.

O setor aéreo internacional continua enfrentando efeitos desiguais da pandemia de Covid-19, com algumas companhias recuperando seu desempenho enquanto outras acumulam perdas expressivas. Segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria, de 15 empresas analisadas, cinco registraram valorização em dólares desde fevereiro de 2020 até outubro de 2025, enquanto outras sofreram quedas superiores a 90% no preço das ações.
No cenário brasileiro, a Gol lidera o ranking de perdas, com queda de quase 100% (-99,06%), seguida de perto pela Azul (-98,32%) e pela Latam Airlines (-95,05%). “Essas companhias, mesmo sendo grandes players da América Latina, enfrentaram desafios financeiros e estruturais desde o colapso do transporte aéreo em 2020”, explica Einar Rivero, especialista da Elos Ayta. A crise transformou a realidade das aéreas brasileiras, mostrando que a recuperação não tem sido uniforme nem rápida.
Em contraste, companhias internacionais se destacam positivamente. A Skywest acumula alta de 83,10% no mesmo período, enquanto a Ryanair segue com valorização de 75,95%. Também aparecem com ganhos a Copa Airlines (+39,78%), a United Airlines (+32,23%) e a Delta Air Lines (+8,50%). “Essas empresas conseguiram não apenas recuperar os níveis pré-pandemia, mas também expandir operações e rentabilidade em dólar, mostrando resiliência e planejamento estratégico”, acrescenta Rivero.
A análise de 2025 mostra um cenário ainda misto. A Latam apresenta a maior valorização do setor, com alta de 65,68%, seguida pela Copa (+52,56%) e Ryanair (+42,56%). Já na ponta negativa, Gol e Azul continuam em destaque, com perdas de 65,35% e 62,78%, respectivamente, indicando que a recuperação ainda é lenta e cheia de desafios.
O valor de mercado reflete essa desigualdade. A Delta Air Lines lidera com US$ 40 bilhões, seguida pela United (US$ 33,7 bilhões) e Ryanair (US$ 32,7 bilhões). Entre as mais fragilizadas estão Mesa Air Group (US$ 61 milhões), Azul (US$ 115 milhões) e Volaris (US$ 807 milhões). Além disso, quatro companhias apresentam patrimônio líquido negativo, incluindo Gol (-0,39x) e Azul (-0,02x), um sinal claro de alto endividamento e fragilidade financeira.
O levantamento evidencia que o setor aéreo permanece em transformação, e enquanto algumas empresas encontram caminhos de crescimento, outras enfrentam um cenário de recuperação lenta e estruturada, com impactos diretos no mercado de ações e na confiança dos investidores. A trajetória das aéreas brasileiras Gol e Azul, especialmente, mostra como a pandemia deixou marcas profundas que ainda exigem atenção e estratégia para um retorno consistente.