Spotify firma acordo com gravadoras para criar música com IA responsável
Spotify anuncia parceria com grandes gravadoras para criar ferramentas de música com IA ética, priorizando artistas e direitos autorais.

O Spotify anunciou uma aliança histórica com algumas das maiores gravadoras do mundo — Universal Music Group, Warner Music Group, Sony Music Group, Merlin e Believe — para desenvolver ferramentas de música com IA voltadas à valorização do trabalho artístico. Segundo a empresa, o objetivo é criar produtos que utilizem a inteligência artificial de forma responsável, priorizando a criatividade humana e garantindo que artistas e detentores de direitos sejam reconhecidos e recompensados de maneira justa.
A parceria nasce em meio ao debate global sobre o uso da IA no setor criativo. O Spotify afirmou que todo o desenvolvimento será guiado por quatro princípios fundamentais: licenciamento antecipado com gravadoras e editoras, liberdade de escolha para artistas e titulares de direitos, compensação justa através de novas fontes de renda e ferramentas projetadas para ampliar, e não substituir, a arte humana.
De acordo com Alex Norström, copresidente e diretor de negócios do Spotify, a tecnologia deve ser uma aliada da criatividade, não uma concorrente. Ele afirmou que “a tecnologia deve sempre servir aos artistas, não o contrário”, destacando que o laboratório de pesquisa em IA generativa já está em pleno funcionamento, com uma equipe dedicada ao desenvolvimento de produtos experimentais.
O novo framework da plataforma se compromete a lançar qualquer produto de IA apenas mediante acordos prévios com gravadoras e editoras, evitando o uso retroativo de licenças. Além disso, artistas poderão decidir se desejam participar ou não dos projetos baseados em IA. A proposta é garantir transparência, novos canais de receita e o devido crédito aos criadores originais.
A reação da indústria musical foi positiva. Sir Lucian Grainge, presidente da Universal Music Group, elogiou a postura do Spotify ao colocar os artistas no centro da inovação tecnológica. Rob Stringer, da Sony Music Group, chamou o modelo de licenciamento direto e antecipado de “a única forma adequada” de construir ferramentas de IA. Já Robert Kyncl, da Warner Music Group, destacou a importância das “barreiras de proteção ponderadas” que o Spotify pretende adotar.
O movimento ocorre em um contexto de forte repressão a abusos envolvendo IA. Nos últimos 12 meses, o Spotify removeu mais de 75 milhões de faixas classificadas como spam, reforçando políticas contra deepfakes e falsificação de identidade. A empresa também adotará o padrão DDEX, que permite sinalizar quando uma obra foi criada com auxílio de inteligência artificial.
Com cerca de 700 milhões de ouvintes mensais, o Spotify acredita que unir tecnologia e ética pode transformar o modo como a música é feita e consumida. A iniciativa marca um passo importante rumo a um futuro onde a inovação digital caminha lado a lado com o respeito à arte e à autoria.