Cientistas no Brasil criam exame simples que detecta Alzheimer antes dos sintomas

Pesquisadores brasileiros criam exame de sangue capaz de detectar o Alzheimer com mais de 90% de precisão, prometendo diagnóstico acessível pelo SUS.

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Pesquisadores brasileiros estão comemorando um avanço promissor no diagnóstico precoce da doença de Alzheimer. Um estudo recente revelou que um exame de sangue pode detectar a condição com alta precisão, mesmo antes do aparecimento dos primeiros sintomas. A descoberta pode transformar o acesso ao diagnóstico e abrir caminho para uma triagem mais rápida e acessível pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O grande destaque da pesquisa está no biomarcador p-tau217, uma proteína encontrada no sangue de pacientes que já apresentam alterações cerebrais típicas do Alzheimer. Esse marcador mostrou ser um dos mais sensíveis e confiáveis até agora para diferenciar indivíduos saudáveis daqueles que estão desenvolvendo a doença. O estudo reuniu 23 cientistas, incluindo oito brasileiros, e analisou mais de 110 pesquisas com cerca de 30 mil participantes, consolidando evidências de que o p-tau217 é o indicador mais promissor no diagnóstico sanguíneo do Alzheimer.

Nos testes realizados com 59 pacientes brasileiros, os resultados do novo exame foram comparados ao exame de líquor, atualmente considerado o método mais preciso. O desempenho ultrapassou os 90% de confiabilidade, atingindo o nível recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa taxa coloca o exame de sangue como uma alternativa viável para substituir métodos caros e invasivos, como a punção lombar e os exames de imagem por emissão de pósitrons, ambos de difícil acesso na rede pública.

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A possível inclusão desse exame no SUS representa um passo importante na democratização do diagnóstico. Atualmente, os exames disponíveis na rede privada podem custar até R$ 3,6 mil, valor inacessível para a maioria da população. Caso seja validado em larga escala, o exame sanguíneo poderá ser oferecido de forma gratuita, tornando o diagnóstico precoce uma realidade para milhares de brasileiros.

Outro ponto relevante da pesquisa está na relação entre escolaridade e declínio cognitivo. Os cientistas observaram que pessoas com maior nível educacional tendem a apresentar uma evolução mais lenta da doença, pois a estimulação intelectual fortalece as conexões neurais, criando uma “reserva cognitiva” que ajuda o cérebro a resistir por mais tempo aos efeitos do Alzheimer. Já a baixa escolaridade foi identificada como um dos fatores de risco mais significativos no país.

Os pesquisadores agora trabalham na ampliação da amostra e na estruturação do exame para uso em larga escala. A previsão é de que os resultados finais sejam divulgados nos próximos dois anos. A próxima fase do estudo será conduzida com pessoas acima de 55 anos, idade em que os sintomas ainda podem não ser evidentes, mas as alterações cerebrais já começam a se manifestar.

Com esse avanço, o Brasil dá um passo importante na luta contra o Alzheimer, oferecendo esperança de diagnóstico rápido, acessível e menos invasivo — um marco que pode mudar o futuro de milhões de famílias.

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