Brasil lidera a desinformação sobre vacinas na américa latina
Brasil lidera a desinformação sobre vacinas na América Latina, com milhares de mensagens falsas circulando e impactando a imunização.

Um estudo recente revela que o Brasil se tornou o principal epicentro de desinformação sobre vacinas na América Latina, com destaque em redes sociais por conteúdos falsos que circulam livremente. De acordo com a pesquisa, o país é responsável por 40% de todo o material enganoso compartilhado no Telegram na região, consolidando sua posição à frente de outros países latino-americanos.
O levantamento, intitulado “Desinformação Antivacina na América Latina e no Caribe”, analisou 81 milhões de mensagens publicadas em 1.785 comunidades ligadas a teorias da conspiração no Telegram entre 2016 e 2025. A pesquisa abrangiu 18 países da América Latina e do Caribe e identificou 175 supostos danos atribuídos às vacinas, além de 89 produtos e soluções falsos oferecidos como supostos antídotos.
No Brasil, mais de 580 mil conteúdos falsos ou enganosos sobre imunização foram detectados, incluindo alegações que vão desde morte súbita associada à vacina até alterações no DNA. Entre as mensagens mais recorrentes, 15,7% associam vacinas à morte súbita, 8,2% alegam alteração do DNA, enquanto 4,3% relacionam os imunizantes à Aids, 4,1% a envenenamento e 2,9% ao câncer.
Além do Brasil, Colômbia, Peru e Chile aparecem como os países com maior disseminação de notícias falsas, com 125,8 mil, 113 mil e 100 mil publicações, respectivamente. A pesquisa também mostrou que grupos conspiratórios promovem produtos e práticas sem qualquer respaldo científico, como andar descalço para “limpar energias” ou o uso de dióxido de cloro, substância química controlada que não possui eficácia comprovada contra vírus ou doenças.
O estudo aponta ainda que a desinformação sobre vacinas cresceu de forma exponencial durante a pandemia de covid-19, com aumento de 689 vezes no volume de postagens entre 2019 e 2021. Esse crescimento acelerado evidencia como eventos de saúde pública podem ser explorados por redes conspiratórias para gerar pânico e desconfiança.
O Ministério da Saúde reforça que a propagação de notícias falsas representa um dos maiores obstáculos para a adesão às campanhas de imunização. Em resposta, lançou o programa Saúde com Ciência, que tem como objetivo informar a população com dados confiáveis e combater mitos sobre vacinas, reforçando a importância da imunização como ferramenta segura e eficaz para a proteção da saúde coletiva.
A pesquisa serve como alerta sobre os riscos da desinformação e destaca a necessidade de ações coordenadas entre órgãos de saúde, plataformas digitais e a sociedade para frear a circulação de notícias falsas, protegendo vidas e fortalecendo campanhas de vacinação.