Onda de calor marinha massiva se estende por 8.000 km através do Pacífico Norte

Uma onda de calor marinha recorde se espalha pelo Pacífico Norte, ameaçando ecossistemas e elevando temperaturas sem precedentes.

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Uma onda de calor marinha de proporções históricas está se espalhando pelo Oceano Pacífico Norte, cobrindo cerca de 8.000 quilômetros e afetando ecossistemas desde o Japão até a Califórnia. O fenômeno, apelidado de “the Blob” por cientistas, é a quarta maior onda de calor marinha registrada no Pacífico Nordeste desde o início do monitoramento em 1982 e já está chamando atenção pelo seu impacto ambiental e extensão sem precedentes.

Desde sua detecção em maio, o fenômeno ganhou força e agora ocupa aproximadamente 3 milhões de milhas quadradas, equivalente ao território dos Estados Unidos contíguos. Em agosto, as temperaturas da superfície do mar atingiram média de 68 graus Fahrenheit, quebrando recordes que datam do final do século XIX. Para o cientista climático Zeke Hausfather, da Berkeley Earth, uma elevação tão intensa em uma área tão extensa é “bastante extraordinária”.

O crescimento da onda de calor está diretamente ligado a condições atmosféricas incomuns. Um sistema de baixa pressão atravessando o Golfo do Alasca inverteu os ventos costeiros, que normalmente ajudam a resfriar o oceano, permitindo que a água permaneça muito mais quente do que o habitual. Apesar das temperaturas elevadas cobrirem milhares de milhas, o litoral do Noroeste do Pacífico foi, até agora, menos afetado.

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Especialistas apontam que fatores climáticos globais também impulsionam o fenômeno. Pesquisas recentes indicam que o aquecimento global triplicou a frequência de ondas de calor oceânicas extremas, e as medições atuais superam as previsões de modelos climáticos que consideram apenas as emissões humanas. Além disso, mudanças nas regulamentações de 2020 da Organização Marítima Internacional, que reduziram as emissões de enxofre do combustível marítimo, podem ter contribuído para o aquecimento, já que partículas de enxofre normalmente refletem a luz solar e ajudam a resfriar os oceanos.

A vida marinha já sente os efeitos do calor extremo. Espécies típicas de águas mais quentes, como atuns e marlins, têm sido observadas em regiões fora de seu habitat usual, e florações de algas nocivas surgem ao longo da costa do Oregon. Cientistas alertam que cinco das seis maiores ondas de calor marinhas nos últimos seis anos ocorreram recentemente, destacando a tendência preocupante para o Pacífico Nordeste.

Embora exista esperança de que o desenvolvimento de La Niña no inverno possa dispersar parte da massa de água quente, os impactos ecológicos ainda são motivo de atenção.

O fenômeno atual reforça a urgência de monitoramento constante e ações que considerem tanto o aquecimento global quanto mudanças em regulamentações industriais. O Pacífico Norte, um dos oceanos mais importantes para a biodiversidade marinha, enfrenta um desafio ambiental que pode redefinir padrões climáticos e ecossistemas costeiros.

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