Microplásticos: revestimento ambiental dificulta a defesa do corpo, aponta estudo

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O crescente consumo de microplásticos, que aumentou seis vezes desde 1990, tem gerado grande preocupação entre pesquisadores. Estas minúsculas partículas já foram identificadas em diversos órgãos humanos e em praticamente todos os cantos do planeta, desde o solo até a água. Um novo estudo revela um aspecto alarmante da interação entre microplásticos e a água do mar, indicando um possível mecanismo de camuflagem que dificulta a ação do sistema imunológico humano.

A pesquisa aponta que os microplásticos podem se ligar a produtos químicos e componentes orgânicos presentes na água do mar, formando um “revestimento ambiental”. Essa camada permite que as partículas penetrem na pele humana com maior facilidade, burlando as defesas naturais do organismo.

“Quando as partículas são liberadas no meio ambiente, elas podem interagir com muitos materiais diferentes que modificam suas superfícies, possivelmente incluindo proteínas, produtos químicos e toxinas”, explica o Dr. Wei Xu, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas do Texas A&M. “A maioria das pessoas está preocupada com o que acontece quando você ingere microplásticos acidentalmente, mas nosso trabalho analisa como eles podem estar entrando no corpo através da pele e o que podem estar trazendo consigo.”

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Em experimentos, a equipe de pesquisa observou que microplásticos com o revestimento ambiental se acumularam em áreas específicas dentro das células, evitando a detecção pelos sistemas de defesa da pele. Os resultados foram publicados no Journal of Hazardous Materials.

Microplásticos são definidos como pequenas partículas sólidas de materiais à base de polímeros, com diâmetro inferior a cinco milímetros. Sua decomposição pode levar milhares ou milhões de anos, e estão disseminados globalmente, inclusive na água potável. Classificam-se em primários, projetados para uso comercial (como cosméticos, microfibras de tecidos e redes de pesca), e secundários, que resultam da fragmentação de itens plásticos maiores (como canudos e garrafas).

A presença de microplásticos já foi detectada em diversos tecidos e fluidos corporais, incluindo sangue, cérebro, coração, pulmões, fezes e até mesmo em placentas. Os efeitos a longo prazo da exposição a essas partículas ainda não são totalmente compreendidos, mas pesquisas recentes indicam potenciais impactos negativos na saúde óssea e reprodutiva.

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