Rodrigo paz encerra ciclo do MAS e é eleito presidente da bolívia

Compartilhe

Rodrigo Paz, senador de centro-direita, sagrou-se vencedor no segundo turno das eleições bolivianas, marcando o fim de quase duas décadas de governos liderados pelo Movimento ao Socialismo (MAS). O político do Partido Democrata Cristão (PDC) derrotou o conservador Jorge “Tuto” Quiroga, com 54,5% dos votos contra 45,5%, após a apuração de 97% das urnas.

Apesar da vitória expressiva nas urnas, o PDC não garantiu a maioria legislativa, o que exigirá que o novo presidente estabeleça alianças estratégicas para assegurar a governabilidade. A posse de Paz está agendada para 8 de novembro.

“Precisamos abrir a Bolívia para o mundo”, declarou Paz em seu discurso de vitória, proferido em La Paz, após o reconhecimento rápido da derrota por parte de Quiroga.

Nascido em 1967 em Santiago de Compostela, Espanha, durante o exílio de sua família sob as ditaduras militares na Bolívia, Rodrigo Paz é filho do ex-presidente boliviano Jaime Paz Zamora (1989-1993), que governou com o apoio do ditador Hugo Banzer. Durante seu mandato, Jaime Paz Zamora implementou a lei de privatização e defendeu o uso comercial e medicinal da coca.

Publicidade

A eleição de Rodrigo Paz, pai de quatro filhos, representa uma mudança política significativa para a Bolívia, que tem sido governada quase continuamente pelo MAS desde 2006. Sua plataforma moderada, que promete manter programas sociais e impulsionar o setor privado, parece ter atraído eleitores de esquerda desiludidos com o MAS, mas cautelosos com as medidas de austeridade propostas por Quiroga.

Ambos os candidatos convergiram na necessidade de reformar o modelo estatal da era do MAS, embora divergissem na intensidade das medidas a serem adotadas. Paz defendeu uma reforma gradual, incluindo incentivos fiscais para pequenas empresas e autonomia fiscal regional, enquanto Quiroga propôs cortes drásticos e um resgate financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Estamos caminhando para uma nova etapa da democracia boliviana no século XXI”, afirmou Paz em entrevista pré-eleitoral. “Vamos tentar construir uma economia para o povo, na qual o Estado não seja o eixo central”.

Publicidade

Paz também prometeu fortalecer as relações diplomáticas com países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, após anos de alinhamento da Bolívia com a Rússia e a China. Em setembro, revelou planos para um acordo de cooperação econômica de US$ 1,5 bilhão com autoridades dos EUA para garantir o fornecimento de combustível.

O apoio eleitoral a Paz no primeiro turno foi impulsionado por seu companheiro de chapa, Edman Lara, um ex-policial conhecido por seus vídeos virais denunciando a corrupção.

A Central de Trabalhadores da Bolívia (COB) alertou que se oporá a qualquer ameaça aos ganhos sociais e econômicos já conquistados.

Antes de sua eleição como presidente, Rodrigo Paz atuou como senador nacional pela aliança Comunidade Cidadã, liderada pelo ex-presidente Carlos Mesa. Em 2019, integrou a Coordenadoria para a Defesa da Democracia, que desempenhou um papel fundamental na crise política da Bolívia.

Publicidade
Compartilhe