Fraude bilionária no inss: uber e caixa citadas em esquema contra aposentados

Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) lança luz sobre um possível esquema de fraude bilionária contra aposentados do INSS. A investigação aponta para o uso indevido de nomes de grandes empresas, incluindo Uber do Brasil e Caixa Econômica Federal, por uma associação sob suspeita de movimentar altas quantias em descontos irregulares.
O documento, encaminhado à CPMI do INSS, detalha como a Associação de Assistência Social à Pensionistas e Aposentados (AASPA) pode ter atribuído falsamente às empresas a função de validar biometrias de novos membros. A situação agrava o escândalo que atinge aposentados e pensionistas em todo o país.
De acordo com a CGU, a AASPA alegava que a validação biométrica de seus associados era realizada por empresas de renome, como Uber, Caixa Econômica Federal, Serasa e Sicoob. A estratégia visava legitimar o processo e ocultar irregularidades na adesão de aposentados.
O relatório destaca tentativas de inclusão de beneficiários registradas no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que identificou acessos suspeitos. Entre junho de 2024 e janeiro de 2025, foram detectadas 103 tentativas de inclusão, com apenas 12 passando pela validação biométrica, nenhuma delas feita pela empresa contratada pela associação.
Em resposta, a Uber declarou não possuir contratos ou vínculos com a AASPA ou com a Deltafox, empresa de tecnologia contratada pela associação para validações biométricas. A plataforma confirmou contrato com o Serpro desde 2019, mas exclusivamente para uso interno, sem relação com terceiros. A Caixa Econômica Federal informou não fazer parte do processo e se absteve de comentar por não ter acesso integral ao relatório da CGU.
A AASPA, presidida por Anderson Ladeira Viana, ex-gerente do Banco BMG, e proprietário da Dataqualify, responsável pelos registros de assinatura dos novos membros, teria contratado a Deltafox para validar biometricamente os aposentados. No entanto, as investigações sugerem que a Deltafox não realizou as validações declaradas, com os acessos sendo atribuídos indevidamente a grandes corporações.
O esquema envolvia a filiação indevida de aposentados e pensionistas a associações como a AASPA, que realizavam descontos automáticos em seus benefícios previdenciários. Os descontos apareciam nos contracheques como mensalidades associativas, muitas vezes sem o conhecimento ou consentimento dos aposentados. A CGU identificou o uso não autorizado de dados, com assinaturas falsificadas e biometrias fraudadas, o que sugere vazamento de informações do sistema do INSS.
A CPMI do INSS, criada para investigar descontos indevidos e fraudes em consignados e associações, incorporou o relatório da CGU e pretende ouvir representantes da AASPA, Uber, Caixa, Serasa e Sicoob.
O caso se junta a outros escândalos envolvendo o INSS e entidades privadas, com acusações de inserção de filiações falsas e cobranças mensais indevidas. O STF determinou o bloqueio de milhões de reais de uma entidade ligada a um sindicato sob suspeita de fraudes semelhantes, com investigações identificando bens de luxo em nome de familiares de investigados.
As fraudes causam prejuízo financeiro e emocional aos aposentados, além de levantar questões sobre a credibilidade e segurança de dados do sistema do INSS. A CGU e o Ministério da Previdência Social estudam novas medidas de segurança, como o reforço da autenticação biométrica, auditorias em contratos e a criação de um canal unificado de denúncias. O governo federal deve propor uma nova regulamentação sobre as entidades que podem realizar descontos em benefícios previdenciários. Aposentados são orientados a verificar seus contracheques e contestar descontos suspeitos.