Tietê agroindustrial já fixou 50% do açúcar para safra de 2027/28

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A Tietê Agroindustrial, usina com longa tradição na região de Ribeirão Preto, destaca-se no setor sucroalcooleiro por manter um alto percentual de fixação de preços de açúcar, prática incomum, especialmente fora do grupo de empresas listadas na bolsa.

Em evento recente promovido pela Santos Neto Advogados, Carlos Gambaro, CAO da Tietê, revelou que a empresa já fixou 92% da safra atual, 72% da safra seguinte e 50% da safra 2027/28. Os valores exatos dos preços fixados permanecem confidenciais. Gambaro justificou a estratégia conservadora, afirmando que a empresa busca se proteger da volatilidade do mercado. “Temos muito receio da flutuação de preços”, pontuou.

A média do setor sucroalcooleiro aponta para uma fixação de aproximadamente 20% da produção de açúcar para a próxima safra, segundo informações do mercado. Em comparação, outras empresas listadas, como a Raízen, têm 89% do volume fixado para a safra 2025/26 e 33% para a safra 2026/27. A Jalles Machado fixou 99% da safra atual, 74% da próxima e pouco mais de 20% da 27/28.

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Gambaro enfatizou que a Tietê considera o hedge como um escudo crucial contra as oscilações do mercado. “O que quebra uma empresa não é a subida, é a queda”, ressaltou, informando que o comitê de risco da empresa se reúne trimestralmente para avaliar essas questões.

A cautela da Tietê parece oportuna, considerando as projeções menos otimistas para os preços do açúcar em 2025. Jeremy Austin, diretor geral da Sucden, mencionou que a produção de etanol de cana na Índia pode ser menor do que o inicialmente esperado, com uma conversão de 3,5 milhões de toneladas de açúcar para etanol, inferior à projeção inicial de 4,5 milhões de toneladas. Rodrigo Ostanello, head de açúcar da ED&F Man, alertou para o impacto potencial dos medicamentos para emagrecimento no consumo de açúcar em países desenvolvidos, com possíveis reflexos em nível global.

A estratégia conservadora da Tietê remonta a 2016, quando a Proterra Investments Partners adquiriu a empresa do Grupo Ruette por R$ 830 milhões. Em 2020, o Grupo FKS, sediado em Cingapura, assumiu o controle de 51% da companhia.

A Tietê Agroindustrial possui duas unidades de processamento, localizadas em Paraíso e Ubarana (SP), com capacidade de moagem de 4,8 milhões de toneladas. A produção de açúcar atinge 380 mil toneladas, enquanto a produção de etanol alcança 177 milhões de litros. A empresa cultiva 52,5 mil hectares de cana.

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No último exercício fiscal, encerrado em março de 2025, a Tietê registrou receita de R$ 1,28 bilhão (comparado a R$ 1,36 bilhão no ano anterior). O lucro operacional foi de R$ 255 milhões, inferior aos R$ 487 milhões do ano anterior, e o lucro líquido ficou em R$ 168 milhões, contra R$ 287 milhões em 2024. A empresa gerou R$ 92 milhões em caixa no ano fiscal, abaixo dos R$ 154 milhões em 2024.

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