Inteligência artificial cria clones digitais para auxiliar em decisões médicas

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Pesquisadores estão explorando o potencial da inteligência artificial para auxiliar médicos e familiares em decisões cruciais de saúde, especialmente em casos onde o paciente não pode se comunicar. Um projeto promissor da Universidade de Washington busca criar “clones digitais” de pacientes, capazes de antecipar suas preferências em momentos críticos.

Liderado por Muhammad Aurangzeb Ahmad, pesquisador do Hospital Harborview, o projeto visa treinar modelos de IA com dados médicos detalhados dos pacientes. O objetivo é construir um assistente digital que possa orientar familiares e médicos, garantindo que as decisões estejam alinhadas com os valores e desejos do paciente.

A abordagem envolve alimentar um modelo preditivo de aprendizado de máquina com informações abrangentes sobre o paciente. Ao analisar dados retrospectivos, os pesquisadores avaliam o desempenho do modelo na previsão de escolhas que o paciente faria em determinadas situações.

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Apesar do potencial promissor, o sistema ainda não foi testado diretamente em pacientes. A implementação futura dependerá de rigorosa aprovação ética. Susan Green, porta-voz da UW Medicine, enfatiza o compromisso com o avanço da ciência e da compaixão médica, com uma exploração cuidadosa de ideias inovadoras, como o uso responsável e transparente da IA em decisões de fim de vida.

Especialistas ressaltam que a IA não deve substituir o julgamento humano. Emily Moin, médica em uma unidade de terapia intensiva, destaca a complexidade e carga emocional envolvidas nessas decisões, defendendo a importância de um profissional que conheça o paciente para garantir uma abordagem mais completa.

Estudos indicam que a IA pode atingir uma precisão de até 70% na previsão de preferências em procedimentos como reanimação cardiopulmonar. No entanto, questões éticas e técnicas ainda precisam ser abordadas. Robert Truog, especialista em bioética, alerta que a IA não elimina a necessidade de tomarmos decisões difíceis, especialmente quando se trata de vida ou morte.

Muhammad Aurangzeb Ahmad vislumbra um futuro onde os pacientes interagem com seus “clones digitais” ao longo da vida, permitindo que a IA aprenda continuamente suas preferências. Para isso, seria necessário: coletar dados médicos, demográficos e históricos; analisar registros eletrônicos de saúde e decisões médicas passadas; processar conversas e mensagens aprovadas para captar valores pessoais; treinar modelos de IA para prever preferências em cenários críticos; e validar resultados com feedback humano, garantindo segurança e ética.

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Teva Brender adverte que a IA deve servir como ponto de partida para decisões, não como a decisão final em si. O conceito de IA como assistente de decisões médicas levanta questões éticas e práticas importantes sobre como equilibrar tecnologia, autonomia do paciente e cuidado humano. É essencial promover transparência, realizar testes rigorosos e fomentar o diálogo público sobre o uso da IA na medicina.

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