Hambúrguer de tucumã e energético de guaraná impulsionam inovação na amazônia

Em Manaus, a culinária local, rica em ingredientes amazônicos, inspira empresas a inovar e conquistar novos consumidores, especialmente aqueles que buscam uma alimentação mais saudável e sustentável. O “x-caboquinho”, um sanduíche tradicional com pão francês, banana frita, manteiga e tucumã, e o açaí, consumido diariamente, são ícones da gastronomia local. Assim como o guaraná da Amazônia, preparado com amendoim e abacate, facilmente encontrado nas praças da cidade.
A Amazônia Smart Food e a Dr. Guaraná, ambas sediadas em Manaus, são exemplos de empresas que unem tecnologia e inovação aos ingredientes tradicionais, mantendo uma forte relação com os fornecedores locais.
A Amazônia Smart Food aposta na linguiça de açaí, um produto vegano e natural que, além do açaí, leva gordura de palma em sua composição. O chef Beto Pinto, fundador da empresa, também destaca o hambúrguer de tucumã como um dos principais produtos, buscando popularizar o fruto, ainda pouco conhecido fora da região. A empresa também oferece açaí e tucumã liofilizados, permitindo aos consumidores criar diversas receitas.
Para inovar, a empresa contou com o apoio do Sebraetec, que auxiliou na redução de custos e na participação em feiras nacionais. A Amazônia Smart Food valoriza os produtores locais, oferecendo qualificação e comprando os frutos já pré-beneficiados, pagando o valor de mercado. Para Beto Pinto, a bioeconomia só faz sentido quando inclui o social, a biodiversidade e a economia. A empresa também investe em reflorestamento com mudas de tucumã e rastreabilidade dos produtos.
A Dr. Guaraná, por sua vez, aposta em energéticos à base de insumos amazônicos, como “energy shots”, cápsulas e pó concentrado de guaraná, açaí, camu camu e maca peruana, além de gominhas de cupuaçu e gengibre. Marcio Reis, proprietário da empresa, destaca a importância de valorizar as comunidades fornecedoras, agregando valor aos produtos para remunerar melhor os produtores. A empresa prioriza fornecedores que utilizam o sistema agroflorestal (SAF).
Ambas as empresas trabalham com a agricultura familiar orgânica. A Dr. Guaraná compra insumos de associações localizadas em diversos municípios, enquanto a Amazônia Smart Food mantém parcerias com comunidades no Amazonas, Pará, Roraima e Rondônia, beneficiando famílias e impulsionando a economia local.
Entre as associações beneficiadas está o Grupo Esperança Orgânica (GEO), presidido por Nazide Bentes, da etnia indígena Mura. A GEO produz guaraná, cupuaçu, açaí, mandioca, hortaliças e outros produtos, seguindo um modelo agroecológico e orgânico. A produção garante a segurança alimentar das famílias e gera renda com a venda dos excedentes.
Yago Santos, engenheiro ambiental, ressalta que os sistemas agroflorestais (SAFs) são uma alternativa às monoculturas, unindo lucro, preservação e sustentabilidade. Os pequenos produtores que trabalham com agrofloresta e agricultura familiar geram benefícios para as comunidades, além de preservar os conhecimentos tradicionais.
Apesar do potencial da região, Marcio Reis, da Dr. Guaraná, destaca desafios como a infraestrutura precária, problemas logísticos e eventos climáticos extremos, que impactam a produção. Ele defende a união entre tecnologia, inovação e respeito às pessoas e florestas para desenvolver a região.
Fonte: agenciasebrae.com.br