O custo da entrega rápida é a substituição de empregos? Amazon se pronuncia

A corrida pela entrega mais rápida acirra a competição entre as grandes varejistas. Em um mercado onde preço e frete grátis são importantes, a agilidade na entrega se tornou um fator crucial na decisão do consumidor. A Amazon reconhece essa dinâmica e investe pesado para atender à crescente demanda por entregas cada vez mais velozes.
“Percebemos que quanto mais rápido entregamos, mais o cliente compra”, declarou Sarah Mathew, vice-presidente de experiência de entrega da Amazon, durante um evento na Califórnia. Segundo ela, a empresa tem investido fortemente em entregas no mesmo dia ou em até um dia em algumas cidades, acompanhando a tendência de consumo. No Brasil, a entrega no mesmo dia já alcança membros Prime em um número considerável de cidades.
Esse investimento se traduz em automação e inteligência artificial aplicadas nos centros de distribuição da empresa ao redor do mundo. O tema ganhou destaque após a divulgação de informações sobre os planos da Amazon de automatizar grande parte de sua operação, o que poderia levar à substituição de um número significativo de empregos.
Em resposta, a Amazon ressalta que está desenvolvendo aplicações de IA para facilitar a vida dos clientes, otimizar processos e reduzir custos, resultando em entregas mais rápidas. Mas, qual o futuro dos profissionais que atuam na operação atual? Como a IA pode impactar as funções desempenhadas por humanos? O debate persiste, sem uma resposta definitiva.
Aaron Parness, líder da Amazon Robotics, argumenta que a automação não necessariamente leva a perdas massivas de empregos, mas sim a uma mudança na natureza do trabalho. Ele cita o exemplo da aquisição da Kiva, empresa de robôs para movimentação de carga, há mais de uma década. Desde então, a Amazon integrou um grande número desses robôs em suas operações, sem deixar de ser um dos maiores empregadores privados dos EUA.
Parness acredita que a IA e a robótica devem seguir um caminho semelhante, eliminando tarefas repetitivas e permitindo que os funcionários sejam realocados para funções de maior valor agregado dentro da empresa. Segundo ele, a Amazon prioriza a retenção de talentos e a necessidade de profissionais qualificados para manter a companhia funcionando. O “upskilling” da força de trabalho seria a melhor forma de suprir demandas em áreas como engenharia e coordenação.
Parness reconhece que essa realocação não é uma opção para todos e que grandes mudanças tecnológicas podem levar à substituição de trabalhadores por robôs. No entanto, ele enfatiza que a Amazon está disposta a investir no desenvolvimento de novas habilidades para os funcionários que buscam crescimento na carreira, oferecendo oportunidades e remuneração compatível com as novas funções.
A Amazon tem investido em IA há mais de 25 anos, aplicando a tecnologia em diversas áreas, desde recomendações personalizadas até previsão de demanda e planejamento operacional. Atualmente, a IA influencia uma grande parcela dos pedidos entregues pela empresa em todo o mundo. Apesar disso, a Amazon dobrou sua geração de empregos no Brasil em um curto período. Resta saber como a automação impactará o futuro do trabalho na empresa nos próximos anos.


