USP encerra convênio com universidade israelense após votação
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) votou pelo rompimento antecipado do convênio que mantinha com a Universidade de Haifa, em Israel. A decisão, tomada pela Congregação da faculdade, acolhe protestos estudantis e manifestações críticas de parte do corpo docente.
De um total de 54 votos possíveis, 46 foram favoráveis ao encerramento do acordo, que tinha validade até maio de 2026. A unidade da USP tem expressado oposição ao convênio desde o início dos ataques das Forças de Segurança de Israel a cidades palestinas em Gaza e na Cisjordânia. Os ataques foram desencadeados após uma ação do grupo Hamas contra civis israelenses.
A ação militar israelense tem gerado críticas da Organização das Nações Unidas (ONU) e da maioria dos estados membros, incluindo o Brasil. As críticas se concentram na desproporcionalidade do uso da força, no elevado número de mortes de civis e na destruição de infraestruturas básicas nos territórios palestinos, que já se encontram em situação precária desde a década de 1940.
Em nota, representantes estudantis, que têm promovido manifestações e ocupações desde o início dos bombardeios, saudaram a decisão da Congregação. Eles atribuem o rompimento do convênio às denúncias de violações de direitos humanos cometidas pelo Estado de Israel contra a população palestina.
“Foi uma vitória da ética sobre a omissão. A universidade pública brasileira não pode ser cúmplice de quem transforma o conhecimento em instrumento de guerra. Hoje, a FFLCH deu um passo histórico e a USP deve seguir o mesmo caminho”, afirmou o estudante João Conceição, representante discente da Comissão de Cooperação Internacional da FFLCH.
Outras universidades brasileiras já tomaram medidas semelhantes, rompendo convênios com instituições israelenses. Entre elas, Unicamp (SP), UFF (RJ) e UFC (CE). A USP mantém convênio com a Universidade de Haifa desde 2018 e a Congregação da FFLCH encaminhará ao Conselho Universitário uma recomendação para que o rompimento seja estendido.
