Crianças com hemofilia terão terapia inovadora e menos invasiva no sus
Crianças com hemofilia no Brasil poderão ter acesso a um tratamento menos invasivo através do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida, que representa um avanço significativo para pacientes e suas famílias, visa melhorar a qualidade de vida e facilitar a adesão ao tratamento.
Atualmente, o tratamento tradicional para hemofilia, especialmente a do tipo A, envolve a reposição do fator VIII, essencial para a coagulação sanguínea. Este processo exige infusões intravenosas frequentes, o que pode ser doloroso e limitante, especialmente para crianças. Uma mãe de Brasília, Joana Brauer, compartilhou a experiência de seus filhos, que precisam ser submetidos a punções venosas múltiplas vezes por semana.
A perspectiva, no entanto, está prestes a mudar. O governo planeja expandir o uso do medicamento Emicizumabe para crianças de até seis anos. Este medicamento já está disponível no SUS para pacientes adultos. Diferentemente da terapia tradicional, o Emicizumabe é administrado por via subcutânea, tornando o processo menos invasivo e mais confortável para o paciente.
O principal benefício do Emicizumabe é a redução da frequência de sangramentos, um dos maiores desafios enfrentados por pessoas com hemofilia. Com a nova terapia, a aplicação seria necessária apenas uma vez por semana, proporcionando mais autonomia e liberdade para as crianças e suas famílias.
De acordo com Joana Brauer, que também é ativista pelos direitos das pessoas com hemofilia, a ampliação do acesso a este medicamento representará uma transformação significativa na vida de muitas famílias. Ela destaca que mais de 80% dos cuidadores de crianças com hemofilia são mães, e muitas vezes elas precisam abrir mão de seus empregos para acompanhar os filhos ao Hemocentro para o tratamento. A terapia subcutânea facilitará o tratamento e impactará positivamente a vida dessas mães, especialmente aquelas que têm filhos com outras condições, como autismo, que podem dificultar o acesso venoso.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que encaminhará o pedido de ampliação para a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). Ele ressaltou que a medicação já está disponível no SUS para pessoas com mais de seis anos que desenvolvem anticorpos inibidores do fator VIII.
Padilha destacou o alto custo do tratamento com essa medicação no setor privado, estimado entre R$ 300 mil e R$ 350 mil por ano. Ao oferecer o Emicizumabe gratuitamente pelo SUS, o Brasil se torna um dos maiores países do mundo a fornecer esse tratamento, garantindo dignidade e conforto para as crianças com hemofilia.



