Zolpidem: o que causa as alucinações relatadas por usuários?
O zolpidem, um medicamento hipnótico introduzido na Europa em 1988 e que chegou ao continente americano na década de 1990, é frequentemente prescrito para o tratamento da insônia. Sua ação visa auxiliar pacientes que enfrentam dificuldades para dormir, sejam elas ocasionais (de dois a cinco dias) ou transitórias (de duas a três semanas).
Embora amplamente considerado eficaz quando administrado corretamente, seguindo as orientações médicas e por um período máximo de quatro semanas, o zolpidem tem sido associado a alguns efeitos colaterais, incluindo alucinações, conforme relatos de diversos usuários.
Alucinações se caracterizam pela percepção de sensações (visuais, auditivas ou táteis) que não correspondem à realidade. Um exemplo comum é ouvir vozes inexistentes. Especialistas explicam que alucinações podem surgir devido a uma desregulação da atividade neural no cérebro. Essa desregulação ocorre quando áreas responsáveis pelo processamento sensorial são afetadas, resultando na criação de informações sensoriais falsas, mas percebidas como reais.
Outra causa potencial é a hiperatividade neuronal, onde certas regiões do cérebro se tornam excessivamente ativas, levando à percepção de estímulos sensoriais irreais. A ativação de memórias e emoções armazenadas, especialmente aquelas ligadas a experiências traumáticas passadas, também pode desencadear alucinações.
Além disso, desequilíbrios nos níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, podem contribuir para o quadro. O uso de substâncias alucinógenas, como DMT e LSD, interfere nos receptores de neurotransmissores no cérebro, induzindo alucinações. Indivíduos com esquizofrenia, distúrbios psicóticos, histórico de abuso de substâncias, enxaquecas e outras condições neurológicas e psiquiátricas também apresentam maior risco de experimentar alucinações.
Embora alucinações e delírios estejam relacionados à psicose, uma condição mental caracterizada pela perda da capacidade de perceber e interagir com a realidade, existe uma distinção fundamental. Nas alucinações, a pessoa percebe imagens ou sensações não reais, mas mantém a consciência de que não são verdadeiras. Já o delírio envolve a distorção da percepção de objetos reais, influenciado por crenças, interpretações individuais e distúrbios psíquicos, resultando em falsos juízos sobre o mundo real.
O zolpidem atua em receptores neuronais, afetando um neurotransmissor chamado ácido gama-aminobutírico (GABA). Isso induz a sedação e um rápido adormecimento, diferente do processo natural do sono, que envolve uma desconexão gradual da realidade. Apesar de sua eficácia para quem tem dificuldade em iniciar o sono, o uso inadequado ou prolongado do zolpidem pode causar efeitos colaterais, incluindo alucinações.
É essencial que o medicamento seja administrado imediatamente antes de deitar, evitando estímulos luminosos e sonoros, como os de dispositivos eletrônicos. Caso contrário, o cérebro pode permanecer em um estado de sonambulismo, sem estar totalmente acordado ou em sono profundo. É nesse estado intermediário que podem ocorrer alucinações e outros efeitos colaterais. Elevar a dose sem supervisão médica ou utilizar o medicamento por um período prolongado também são práticas desaconselhadas.



