Fed avalia novo corte de juros em meio a incertezas econômicas

A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) iniciou sua reunião com expectativas de um possível corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros diretoras, atualmente situadas entre 4% e 4,25%. Se confirmado, este seria o segundo ajuste para baixo nas taxas este ano.
A tomada de decisão da Fed ocorre em um cenário de incertezas econômicas, agravado pelo impasse orçamentário nos Estados Unidos. A paralisação (“shutdown”) do governo americano tem bloqueado a divulgação de dados estatísticos cruciais, incluindo indicadores de desemprego e o índice de preços do consumo pessoal (PCE), este último considerado um dos principais referenciais para a política monetária da instituição.
A ausência de dados atualizados dificulta a avaliação precisa da saúde da economia americana e o cumprimento do duplo mandato da Fed: promover o pleno emprego e manter a inflação limitada a 2% ao ano.
O mercado de trabalho nos EUA tem demonstrado sinais de desaceleração, especialmente na criação de novos postos, o que representa um risco para a economia. Alguns analistas sugerem que a queda drástica nos fluxos migratórios evitou um aumento ainda maior do desemprego, que atingiu 4,3% em agosto, último mês com dados disponíveis.
Além do desemprego e da inflação, a Fed enfrenta o desafio de gerenciar a liquidez nos mercados financeiros e seu balanço patrimonial expandido. Em momentos de risco de desaceleração econômica, um banco central pode recorrer ao “quantitative easing”, injetando liquidez por meio da compra de ativos.
Após adotar essa estratégia durante a crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19, a Fed iniciou um processo de aperto monetário (“quantitative tightening”), retirando liquidez e devolvendo ativos ao mercado.
Analistas apontam para um debate crescente sobre o fim do aperto quantitativo, com a possibilidade de conclusão da redução do balanço da Fed no primeiro trimestre do próximo ano. Essa mudança indicaria condições de liquidez mais favoráveis, aliviando a pressão sobre os mercados de financiamento.
A expectativa é que o fim antecipado do aperto quantitativo e a melhora na liquidez contribuam para uma “aterrissagem suave” da economia dos EUA, enquanto a zona do euro se encaminha para uma recuperação gradual.
Após uma pausa de nove meses, a Fed retomou os cortes de juros em setembro, priorizando o mandato do pleno emprego. O presidente da instituição descreveu a medida como um “corte na gestão de risco”, buscando mitigar potenciais impactos negativos no mercado de trabalho, apesar da inflação ainda elevada.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável pelas decisões de política monetária, é composto por 12 membros: os sete membros do Conselho de Governadores do Sistema da Reserva Federal, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova York e quatro dos 11 presidentes dos Bancos da Reserva restantes, que cumprem mandatos rotativos de um ano.
Fonte: www.noticiasaominuto.com




