Fim dos números: mastercard busca tokenização total até 2030
O cenário dos pagamentos globais está à beira de uma transformação radical. A Mastercard estabeleceu como meta a tokenização completa de todas as transações até 2030. Isso significa que os tradicionais números de 16 dígitos dos cartões de crédito devem desaparecer, abrindo caminho para um sistema de pagamentos mais seguro e eficiente.
O anúncio foi reforçado por Daniel Vilela, vice-presidente de Produtos e Soluções da Mastercard Brasil, durante o Mind The Sec 2025, um importante evento de cibersegurança na América Latina. A empresa vê a tokenização como um avanço tecnológico e uma mudança cultural na forma como consumidores e empresas lidam com pagamentos.
A tokenização substitui o número real do cartão por um código aleatório, o token, que é válido apenas para uma transação específica ou em um ambiente autorizado. Isso significa que o número do cartão nunca é transmitido ou armazenado por estabelecimentos comerciais, aplicativos ou plataformas, reduzindo significativamente o risco de fraudes.
Na prática, quando um consumidor realiza uma compra online ou por meio de uma carteira digital, o sistema gera um token exclusivo. Esse token é utilizado na transação, protegendo o número real do cartão. Caso ocorra uma tentativa de roubo de dados, o token interceptado torna-se inútil, pois sua validade é restrita ao contexto original da transação. Especialistas afirmam que a tecnologia eleva o padrão de segurança global e possibilita um sistema de pagamentos mais ágil e transparente.
Na Europa, a Mastercard já se comprometeu a eliminar a digitação manual dos dados do cartão até o final da década. Os consumidores não precisarão mais inserir números, datas de validade ou códigos de segurança em sites e aplicativos, pois os dados serão protegidos e substituídos por tokens dinâmicos. Essa mudança já está alterando o comportamento dos consumidores europeus, que preferem experiências mais convenientes e sem atritos.
A Mastercard tem investido mais de US$ 10 bilhões em aquisições, pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de segurança digital. A empresa expandiu sua atuação para setores como saúde, aviação, produção industrial, bens de consumo e finanças, buscando aplicar a tokenização em diversas áreas que envolvem dados sensíveis.
De acordo com Daniel Vilela, a empresa já atingiu 50% de tokenização nas transações globais. Ele destaca que a tokenização tem um impacto direto na redução de fraudes.
A transição para a tokenização total oferece diversas vantagens para consumidores e empresas: segurança reforçada, pagamentos mais rápidos, maior conveniência e sustentabilidade.
A tokenização faz parte de uma busca global pela segurança de dados financeiros. Com o crescimento do e-commerce e o uso de aplicativos de pagamento, as fraudes também evoluíram. A consultoria Juniper Research estima que as perdas por fraudes em pagamentos digitais ultrapassarão US$ 300 bilhões até 2028, caso as medidas de segurança não sejam intensificadas. A tokenização surge como uma barreira tecnológica contra ataques cibernéticos.
Outras empresas do setor, como Visa e American Express, também estão implementando estratégias semelhantes, mas a Mastercard busca se destacar pela abrangência do plano e pelo prazo definido para a transição total até 2030.
No Brasil, a Mastercard já testa soluções tokenizadas com bancos e fintechs parceiras. O país é considerado um mercado estratégico devido ao alto índice de adoção de pagamentos digitais e à rápida adesão às carteiras virtuais. A expectativa é que os consumidores brasileiros sejam um dos primeiros da América Latina a experimentar um sistema totalmente livre de números de cartão. A tokenização é fundamental para o futuro do open finance e do pagamento por identidade digital.

