Uma carona nas andanças musicais de lô borges
A trajetória musical de Lô Borges, marcada por contrastes e viagens interiores, evoca imagens de trens em direções opostas que, paradoxalmente, se encontram no tempo. Duas de suas canções, “Trem de Doido” e “Trem Azul”, ilustram essa dualidade.
Em “Trem de Doido”, a guitarra de Beto Guedes estabelece um diálogo intenso, por vezes caótico, enquanto em “Trem Azul”, a guitarra de Toninho Horta proporciona uma atmosfera mais calma e espaçosa.
Entre esses dois polos, encontra-se Lô Borges, um artista que, ao longo de sua carreira, compôs de maneira peculiar, intercalando momentos de brilhantismo com pausas. Suas letras também refletem essa dicotomia, oscilando entre o delírio e a serenidade, a realidade e a fantasia. “Trem de Doido” e “Trem Azul” podem ser interpretadas como perspectivas diferentes de uma mesma jornada.
Lô Borges passou por diversas fases, desde o jovem de aparência simples até o músico experiente que parecia regressar de uma exploração pessoal. Cada álbum representa um período distinto, e cada música captura um fragmento de sua experiência traduzido em som.
Unindo influências dos Beatles a uma abordagem pop da Música Popular Brasileira (MPB), Lô Borges criou um espaço único para a expressão musical brasileira. Suas canções frequentemente apresentavam melodias marcantes, com uma melancolia sutil presente em seus acordes.
Lô Borges testemunhou momentos importantes da história, como a ditadura e o período de excessos, mantendo sempre uma aura jovial. Suas composições retratam o mundo visto da janela de um trem, revisitando um lugar que pode não existir na realidade.
Sua música permanece viva. A guitarra continua a soar livremente, e o trem, embora aparentemente sem destino, eventualmente chega a um lugar.
Lô Borges (1952 – 2025)

