Uma joint venture levanta us$ 27 bi: a meta e a ia

Na intensa disputa pela supremacia no campo da inteligência artificial, as gigantes da tecnologia estão investindo somas colossais na construção de data centers. Essa necessidade de financiamento está impulsionando a criatividade no setor bancário de investimentos.
A Meta protagonizou a maior operação até o momento, arrecadando US$ 27,3 bilhões, o que configura a maior emissão de dívida privada já registrada. Esses recursos serão destinados ao projeto Hyperion, um imenso complexo de processamento de dados em construção na Louisiana.
A estrutura da emissão tem atraído a atenção de analistas. Em vez de uma emissão direta pela Meta, foi utilizado um special purpose vehicle, uma entidade independente que não afeta diretamente o balanço financeiro da empresa.
A emissão da dívida foi coordenada pelo Morgan Stanley e realizada pela Beignet Investor LLC, uma joint venture recém-criada pela Meta e pela gestora Blue Owl.
A Blue Owl detém 80% do negócio, enquanto a Meta possui os 20% restantes. Embora a gestora administre US$ 145 bilhões, a maior parte do capital investido no Hyperion provém de fundos geridos pela Pimco e outras empresas de Wall Street. A BlackRock adquiriu US$ 3 bilhões em títulos.
Essa abordagem financeira tem sido vista como um reflexo do boom da inteligência artificial. As empresas necessitam alocar trilhões de dólares em investimentos que abrangem desde os clusters de processamento de dados até o treinamento e a execução de modelos de linguagem, além da construção de usinas de eletricidade.
A utilização dessa estrutura pela Meta evitaria um possível rebaixamento de seu rating pelas agências de classificação de risco. Grandes empresas de tecnologia podem evitar emitir dívida para construir data centers, em parte por motivos de gestão de riscos e, em parte, por razões de imagem.
Empresas como Microsoft e Alphabet (Google) possuem classificações de crédito elevadas e podem não desejar comprometer essa posição por meio de grandes empréstimos, o que poderia reduzir seus ratings.
A Standard & Poor’s manteve o rating da Meta em AA-, justificando a decisão de não consolidar a dívida no balanço da Meta.
A agência reconhece a importância da joint venture para a estratégia de longo prazo da Meta, mas considera que os termos do acordo conferem à empresa a flexibilidade necessária para sair da parceria.
A S&P atribuiu um rating de A+ aos títulos, reconhecendo o envolvimento da Meta no projeto. No entanto, o yield ficou em 6,58% na distribuição inicial, um retorno mais próximo de junk bonds.
O Hyperion tem previsão de entrar em operação em junho de 2029. Inicialmente, o campus demandará 2 gigawatts de eletricidade, podendo alcançar 5 gigawatts quando concluído, capacidade suficiente para abastecer 4 milhões de residências.
As instalações ocuparão uma área de aproximadamente 60 quilômetros quadrados, distribuídas em nove prédios.




