No primeiro balanço da mbrf, impacto da ausência chinesa é evidente
A recente retomada da China às compras de carne de frango do Brasil ganhou ainda mais relevância com o primeiro balanço trimestral da MBRF, após a fusão entre Marfrig e BRF, que criou a sétima maior empresa brasileira. O relatório financeiro expôs o impacto da ausência das exportações de pés de frango para o mercado chinês, componente que impulsiona as margens de lucro.
O balanço do terceiro trimestre da MBRF revelou um Ebitda de R$ 3,5 bilhões, representando uma queda de 8,6% em comparação com o ano anterior. Consequentemente, a margem Ebitda diminuiu 1,6 ponto percentual, atingindo 8,4%. A retração foi atribuída principalmente ao desempenho da BRF, que tem sido um motor crucial para a geração de caixa do grupo.
A companhia destacou que os bloqueios temporários nas exportações brasileiras de carne de frango devido a casos de gripe aviária resultaram em uma compressão de 14,9% no Ebitda ajustado da BRF. Diante da escassez de gado nos Estados Unidos, que afetou a National Beef, divisão de carne bovina da MBRF na América do Norte, os resultados do grupo passaram a depender fortemente do desempenho da BRF.
No terceiro trimestre, a BRF foi responsável por 71% do Ebitda da MBRF, enquanto a National Beef, embora represente a maior parte do faturamento, contribuiu com apenas 11% do Ebitda.
A recente autorização para que os frigoríficos brasileiros retomem as exportações de carne de frango para a China é vista como um desenvolvimento positivo, com potencial para impulsionar a rentabilidade no mercado de frango.
O CEO da MBRF, Miguel Gularte, ressaltou que, mesmo durante o período de suspensão das exportações para a China, o Brasil conseguiu escoar a produção de carne de frango a preços e margens considerados satisfatórios.
Apesar do otimismo, o balanço mais recente evidencia a importância do mercado chinês para o desempenho da MBRF. Além da retomada das exportações para a China, a MBRF espera um bom desempenho neste quarto trimestre, impulsionado pelas vendas de produtos natalinos, como o Chester da Perdigão.
A MBRF registrou uma receita líquida de R$ 41,7 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 9,2%. O lucro líquido ficou em R$ 94 milhões, uma queda de 62%. Durante o trimestre, o grupo consumiu caixa, refletindo a distribuição de dividendos após a aprovação da fusão (R$ 3,8 bilhões) e os investimentos para aumentar a participação acionária na BRF (R$ 412 milhões). O índice de alavancagem encerrou setembro em 3,09 vezes, acima das 2,74 vezes em junho.
A MBRF afirmou que, sem esses gastos extraordinários, teria registrado um fluxo de caixa livre de R$ 555 milhões, preservando a alavancagem. Atualmente, a companhia está avaliada em R$ 26,8 bilhões.



