Influência digital: homens buscam testosterona sem necessidade e colocam saúde em risco
O crescente número de vídeos nas redes sociais que abordam a suposta “baixa testosterona” tem impulsionado homens a procurarem terapias hormonais desnecessárias, levantando preocupações entre especialistas. Médicos alertam para os riscos do uso indevido da testosterona, que pode levar à infertilidade e a sérios problemas de saúde.
A tendência preocupante é observada em clínicas, com um aumento notável de pacientes que buscam tratamento após serem influenciados por conteúdos online, principalmente no TikTok e Instagram. Nesses vídeos, a testosterona é frequentemente apresentada como um “suplemento de desempenho”, incentivando a realização de exames de sangue como ponto de partida para o tratamento hormonal.
Endocrinologistas relatam que jovens, muitas vezes saudáveis, procuram as clínicas particulares após serem impactados por essa onda de informações online. O problema é que o uso da testosterona exige prescrição médica e um diagnóstico confirmado, o que nem sempre ocorre nesses casos.
A terapia de reposição de testosterona (TRT) pode custar entre R$ 12 mil e R$ 15 mil por ano, incluindo consultas, medicação e acompanhamento. Contudo, especialistas alertam que muitos pacientes iniciam o tratamento mesmo apresentando níveis hormonais normais, o que torna a terapia ineficaz e potencialmente perigosa.
O uso indiscriminado de testosterona pode suprimir a produção natural do hormônio pelo corpo, aumentar o risco de infertilidade, coágulos sanguíneos, problemas cardíacos e transtornos de humor. Além disso, algumas clínicas chegam a atender pacientes com menos de 18 anos, o que agrava ainda mais a situação.
Embora a publicidade de medicamentos controlados seja proibida, influenciadores digitais têm promovido exames de sangue em parceria com clínicas privadas, oferecendo códigos de desconto e sorteios para atrair seguidores. Essa prática contribui para a disseminação de informações incorretas e para o aumento da demanda por tratamentos desnecessários.
Especialistas enfatizam que não há evidências de que níveis de testosterona acima de um determinado patamar tragam benefícios significativos para a saúde. A busca por tratamentos hormonais muitas vezes reflete a pressão estética e o culto ao desempenho nas redes sociais, alimentando a “manosfera digital”, que associa força e masculinidade à alta testosterona.
O sistema de saúde enfrenta desafios adicionais devido à sobrecarga de pacientes desinformados, o que demonstra a importância de combater a desinformação e promover o uso responsável da testosterona, sempre sob orientação médica.