Crédito estruturado atrai investidores brasileiros para mercados globais

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O apetite por crédito privado, impulsionado por spreads comprimidos e taxas de juros elevadas, tem levado investidores brasileiros a explorar oportunidades no exterior, com destaque para instrumentos de crédito estruturado como os Collateralized Loan Obligations (CLOs).

Essa tendência reflete uma crescente sofisticação do investidor local, que demonstra maior abertura a estruturas internacionais de renda fixa. A compressão dos spreads ao longo dos anos exige uma abordagem mais seletiva, tornando o crédito no Brasil uma aposta menos óbvia do que antes. O ambiente de juros altos no país também contribui para a migração para ativos globais, intensificando a busca por crédito fora do Brasil.

“O investidor percebe que pode acessar retornos ajustados ao risco mais interessantes em estruturas consolidadas, como o crédito estruturado internacional”, afirma Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil.

A Franklin Templeton, uma das maiores gestoras do mundo, com quase 80 anos de história e mais de US$ 1,5 trilhão sob gestão, atua no Brasil desde o início dos anos 2000, administrando cerca de R$ 43 bilhões em diversas frentes, desde renda fixa e multimercados até soluções customizadas de portfólio. A empresa tem evoluído com o mercado, desenvolvendo competências internamente e adquirindo gestoras especializadas.

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Nos últimos anos, a Franklin Templeton realizou aquisições estratégicas para fortalecer sua presença no crédito estruturado, incluindo a BSP (2019), Alcentra (2022) e Pera (2024). Essas operações permitiram à gestora ampliar seu portfólio global e oferecer aos investidores uma gama diversificada de produtos de renda fixa.

Os CLOs, instrumentos financeiros que securitizam empréstimos corporativos com garantias, divididos em tranches de diferentes níveis de risco e retorno, ganham espaço como alternativa ao crédito local. Essa estrutura se assemelha aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) brasileiros, mas com maior transparência regulatória e pulverização de riscos.

“O CLO é composto por centenas de empréstimos corporativos, e cada tranche representa um nível de prioridade de pagamento. Isso permite ao investidor calibrar o risco conforme seu perfil”, explica Forster. O mercado americano de CLOs movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão, enquanto na Europa o volume chega a US$ 250 bilhões, refletindo décadas de maturidade nesse segmento.

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A popularidade desses instrumentos cresce à medida que os spreads dos títulos tradicionais se comprimem. “O CLO oferece uma forma de emprestar dinheiro para empresas fora do investment grade, mas de maneira pulverizada e mais segura. É uma alternativa intermediária entre o crédito corporativo tradicional e o high yield”, completa.

A expansão dos FIDCs no Brasil, que saltaram de R$ 140 bilhões para R$ 720 bilhões em patrimônio líquido nos últimos dez anos, indica um amadurecimento do investidor local, que agora começa a olhar para estruturas mais complexas. O avanço da regulação contribui para ampliar o acesso e a transparência dos produtos de crédito no país, assim como aconteceu nos mercados internacionais.

“Com mais educação financeira e um arcabouço regulatório robusto, o investidor brasileiro está pronto para dar o próximo passo em sofisticação, buscando yield de forma consciente e diversificada”, conclui Forster. A Franklin Templeton, que mantém estratégias focadas em CLOs europeus, vê nesse tipo de ativo uma oportunidade de diversificação geográfica e de risco. “O mercado europeu ainda é predominantemente institucional, o que mantém os prêmios mais altos do que nos Estados Unidos. É um campo fértil para investidores que querem se posicionar globalmente com segurança”, finaliza.

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