Europa emerge como refúgio para investidores em meio à turbulência nos eua

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Em um cenário global marcado por incertezas e instabilidades nas políticas econômicas dos Estados Unidos, a Europa tem se destacado como um destino atraente para investidores, especialmente no mercado de crédito estruturado. A avaliação é de Marc Forster, head da Franklin Templeton no Brasil, que aponta a estabilidade e a regulação mais consistente do continente europeu como fatores cruciais para essa migração de capitais.

Segundo Forster, a Europa oferece um ambiente de negócios mais previsível e menos volátil, com um histórico de inadimplência inferior em comparação com os Estados Unidos. Essa percepção de segurança tem se intensificado, especialmente após recentes eventos que levaram investidores a reconsiderar suas alocações e buscar alternativas em outras economias.

A busca por uma melhor relação risco-retorno tem impulsionado o interesse dos investidores globais na Europa, que por anos concentraram seus recursos nos Estados Unidos. O mercado europeu de CLOs (Collateralized Loan Obligations), títulos lastreados em carteiras de empréstimos corporativos, tem se mostrado particularmente vantajoso, com menor exposição a setores voláteis como tecnologia. Enquanto os CLOs americanos podem ter entre 15% e 20% de exposição ao setor tecnológico, na Europa esse número gira em torno de 10%, resultando em um mercado mais diversificado e com melhor histórico de recuperação em casos de inadimplência.

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Durante sua participação em um programa especializado em investimentos, Forster destacou a solidez dos CLOs europeus, que não registraram nenhum default em títulos de rating AAA desde 1996. Ele também ressaltou a evolução do mercado de CLOs após a crise de 2008, com o surgimento do modelo “CLO 2.0”, caracterizado por maior transparência e exigências regulatórias mais rigorosas. Atualmente, os gestores precisam manter parte do risco e passar por testes mensais de cobertura, além de apresentar relatórios padronizados, tornando a estrutura mais robusta.

Esses fundos são compostos principalmente por empréstimos corporativos pós-fixados, o que reduz a sensibilidade às variações de juros e protege o investidor em ciclos de alta ou queda das taxas. Além disso, os CLOs contam com mecanismos automáticos de segurança que impedem a compra de novos empréstimos de baixa qualidade caso o portfólio seja afetado por estresse de mercado.

Durante a pandemia, os CLOs demonstraram resiliência e liquidez, com rápida recuperação após a queda nos valores dos ativos em março de 2020. A agilidade na recomposição das carteiras também é um diferencial, permitindo a realocação de ativos de forma eficiente.

O head da Franklin Templeton enfatizou ainda a crescente internacionalização do investidor brasileiro, que agora tem acesso a fundos globais com valores acessíveis. Essa diversificação global é vista como uma proteção essencial em tempos de incerteza.

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