Genética impulsiona retorno da ovinocultura e fortalece rs no país
Após um período de declínio que se estendeu por décadas, a ovinocultura no Rio Grande do Sul experimenta um notável ressurgimento. O estado, outrora líder na criação de ovinos em âmbito nacional, busca agora recuperar sua posição de destaque, impulsionado por investimentos estratégicos em melhoramento genético. Essa abordagem tem resultado em rebanhos de qualidade superior e no fortalecimento de raças específicas, destinadas à produção de carne, lã e, até mesmo, leite.
Na região da Campanha Gaúcha, em Candiota, uma propriedade celebra 25 anos de dedicação à criação da raça Texel. A família responsável pela iniciativa, que migrou da Serra Gaúcha para se dedicar à pecuária, encontrou na criação de ovinos uma nova oportunidade de produção. Desde o ano 2000, o foco tem sido a aplicação de tecnologias genéticas de ponta, com a aquisição de animais provenientes de cabanhas tradicionais, reconhecidas como referência na ovinocultura nacional.
Essa dedicação se traduz em resultados palpáveis. A cabanha acumula 15 títulos de reconhecimento e já comercializou reprodutores por valores próximos a R$ 100 mil em leilões de prestígio em todo o país.
Atualmente, o Rio Grande do Sul ocupa a terceira posição no ranking brasileiro de ovinos, com um rebanho superior a 3 milhões de cabeças. O estado fica atrás apenas da Bahia e de Pernambuco. A produção de carne ovina concentra quase metade do rebanho gaúcho, um segmento em expansão, impulsionado pela crescente demanda e pela oferta de animais de alta qualidade.
A meta é ambiciosa: resgatar a liderança nacional alcançada na década de 1970. A Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) implementa ações focadas em assistência técnica, registro genealógico e modernização dos programas de melhoramento genético.
De acordo com a entidade, os animais registrados possuem histórico completo e certificação que comprovam o avanço fenotípico e genético. O próximo passo envolve a ampliação dos programas de avaliação e seleção por mérito genético, visando fortalecer a competitividade do rebanho brasileiro.
O setor de lã também vivencia um novo momento, impulsionado pelo crescimento da certificação e pela atenção voltada ao mercado chinês. No segmento da carne, a estratégia consiste em ampliar o consumo no mercado interno, evidenciando o potencial e o sabor da carne ovina.
Um nicho em expansão é o de lácteos de ovelha. Em Bento Gonçalves, uma empresa pioneira atua há mais de duas décadas com produtos derivados do leite da raça Lacaune. Apesar de o mercado brasileiro ainda ser relativamente pequeno, o crescimento é constante. O principal desafio é o preço mais elevado em comparação com o leite de vaca ou cabra, o que restringe uma expansão mais acelerada.
Ainda assim, o progresso demonstra que a diversificação dentro da ovinocultura abre caminhos para negócios especializados, produtos de alta qualidade e maior valorização do produtor.


