Ipos vão voltar? juros em queda animam o mercado de ações

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Bolsa em alta e a perspectiva de juros mais baixos pelo Banco Central devem reacender o mercado de emissão de ações no Brasil, tanto no fim deste ano quanto no início do próximo. O cenário anima empresas a considerarem a emissão de ações como forma de reduzir dívidas, fortalecer o caixa antes do período eleitoral, permitir a venda de participações por grandes acionistas e até antecipar o pagamento de dividendos.

Enquanto as ofertas subsequentes, ou “follow-ons”, ganham força, as aberturas de capital (IPOs), ausentes desde 2021, podem demorar um pouco mais para retornar ao mercado. A incerteza em relação às eleições presidenciais contribui para essa cautela. A expectativa é de que uma retomada mais consistente dos IPOs ocorra apenas no final de 2026 ou em 2027. Atualmente, há análise de cerca de cinco ofertas subsequentes que podem ser lançadas ainda este ano ou no início do próximo.

As ofertas de ações desempenham um papel importante no mercado, aumentando o número de ações em circulação e atraindo novos players. As operações recentes têm se concentrado em empresas já listadas, podendo ser primárias (emissão de novas ações para captação de recursos) ou secundárias (venda de ações por grandes acionistas).

Neste ano, foram realizadas nove ofertas públicas de ações, o mesmo número do ano anterior, representando o menor volume desde 2018, de acordo com dados da Anbima. A maior parte das emissões recentes foi destinada à redução de dívidas, como no caso da Cosan, que captou R$ 10,5 bilhões em duas ofertas neste mês.

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Embora a bolsa tenha atingido patamares históricos, a valorização das ações permanece concentrada em setores específicos, como o financeiro, de telecomunicações e de energia. Apesar de essas empresas não necessitarem emitir ações, a alta concentrada pode impulsionar as ofertas, uma vez que grandes investidores, como as gestoras de recursos, podem reinvestir seus ganhos no mercado de ações.

O mercado de renda fixa, por sua vez, começa a apresentar sinais de saturação, com a queda das taxas do crédito privado, o que pode estimular a migração de investimentos para a renda variável. Espera-se que este movimento ganhe força no início do próximo ano.

Entre os principais motivos para a emissão de ações, destaca-se a necessidade de reduzir o endividamento, além da busca por capital para investimentos, especialmente nos setores de energia e infraestrutura. A expectativa é de que ocorram leilões nesses setores no próximo ano, incentivando as empresas a fortalecerem seus caixas.

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A tributação de dividendos, aprovada no Congresso, também pode impulsionar as ofertas ainda neste ano, com algumas empresas buscando antecipar-se à retenção de 10% dos lucros distribuídos a partir de 2026. Acredita-se que algumas empresas realizarão ofertas primárias para levantar recursos para o pagamento de dividendos.

Para que os IPOs voltem a acontecer, será necessária uma oportunidade mais estrutural, dependendo da definição do próximo governo e suas políticas de longo prazo em relação ao equilíbrio fiscal, gasto público e dívida em relação ao PIB.

Uma alternativa para as empresas pode ser a abertura de capital no exterior, especialmente para aquelas dos setores de bancos e Fintechs, que apresentam bom desempenho tanto no Brasil quanto no exterior.

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