Ultradireita mira em claudia sheinbaum com ataques coordenados no méxico

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A ultradireita no México tem como novo alvo a presidente Claudia Sheinbaum, utilizando métodos similares aos observados no Brasil em janeiro de 2023. Ataques a edifícios com valor simbólico na política, exploração da insatisfação popular com problemas cotidianos e sugestões de que há resistência ao governo eleito pela força foram empregados na Cidade do México.

O objetivo parece ser desmoralizar o plano de Sheinbaum de asfixia financeira do crime organizado, estratégia que tem se mostrado bem-sucedida até o momento. A mensagem subjacente é que a única forma de combater a violência é ignorar os direitos humanos dos criminosos.

Os eventos mais recentes culminaram em cerca de 100 feridos, a maioria policiais, e foram prontamente rechaçados por Sheinbaum, que os classificou como um impulso político com origens inclusive no exterior.

Os acontecimentos de sábado (15/11) têm antecedentes no início de novembro, com o assassinato de Carlos Manzo, prefeito de Uruapán, Michoacán. Manzo, que já havia sido filiado ao Morena, partido de Sheinbaum, defendia uma postura de “linha dura” contra o crime, o que o colocou em conflito com o governo federal.

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Após o assassinato de Manzo, manifestações violentas eclodiram em Morelia, capital do estado. Centenas de pessoas invadiram e depredaram o palácio do governo estadual. A esposa de Manzo e sua sucessora na prefeitura de Uruapán, Grecía Quiroz, condenou os atos.

A direita, no entanto, viu uma oportunidade de atacar Sheinbaum. Protestos foram convocados para 15/11 em diversas cidades, mas apenas na Cidade do México obtiveram relativo sucesso. Duas marchas se uniram no centro da capital. Uma se dizia parte da “geração Z” e outra era uma homenagem a Carlos Manzo.

A presença de políticos da oposição e membros da classe média branca e conservadora chamou a atenção. Elogios a “soluções Bukele”, que priorizam a repressão ao crime em detrimento das liberdades civis, foram frequentes.

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Os incidentes mais graves ocorreram quando as marchas chegaram ao Zócalo, a praça central da Cidade do México. Um grupo de manifestantes encapuzados investiu contra as barreiras que protegiam o palácio do governo com rojões, martelos e serras elétricas. Eles tentaram romper as grades e usá-las como escadas para invadir o edifício. A polícia conteve a invasão, resultando na hospitalização de 40 defensores do palácio e metade desse número entre os atacantes.

Sheinbaum tem priorizado a segurança pública e obtido resultados expressivos. Como prefeita da capital, entre 2021 e 2024, a taxa de homicídios caiu 40% através de uma combinação de políticas sociais e ações cirúrgicas contra o crime organizado.

As prisões se concentraram nos líderes dos cartéis, e um intenso trabalho de inteligência coordenado pelo então secretário de Segurança, Omar Garcia Harfuch, permitiu rastrear e asfixiar as fontes de financiamento do crime. Garcia, agora ministro da Segurança, tem acompanhado a presidente no governo federal.

Nos primeiros meses do governo de Sheinbaum, o índice de homicídios caiu entre 14% e 32%. Apesar da queda, o índice de violência permanece alto, assim como em grande parte da América Latina.

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A investida contra Sheinbaum indica que explorar a insegurança se tornou uma estratégia política e eleitoral da direita na região. A onda conservadora se espalha por diversos países, e o caso do México, apesar da popularidade da presidente, demonstra a aposta dos ultraconservadores nessa tática.

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