Renda e cor são determinantes para não concluir ensino médio no país

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Avanços na conclusão do ensino fundamental e médio foram registrados na última década no Brasil, mas disparidades raciais e de renda persistem como obstáculos significativos. Um estudo recente revelou que, embora a inclusão tenha aumentado consideravelmente, ainda há um longo caminho a percorrer para garantir oportunidades iguais para todos os estudantes.

A pesquisa analisou os índices de conclusão da educação básica na idade adequada, comparando dados de 2015 e 2025. Os resultados mostram um progresso notável no ensino fundamental, com a taxa de conclusão entre jovens de até 16 anos saltando de 74,7% para 88,6%. No ensino médio, o avanço foi ainda mais expressivo, passando de 54,5% para 74,3%.

Esses avanços podem ser atribuídos a melhorias no ensino, políticas pedagógicas eficazes e uma base de formação de professores mais sólida. Além disso, as aprovações durante o período pandêmico e o maior acesso à educação básica nas últimas décadas também contribuíram para o aumento das taxas de conclusão.

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No entanto, ao analisar os dados sob a perspectiva de diferenças raciais, de gênero e de renda, a desigualdade econômica se destaca como o fator mais determinante. No ensino médio, a disparidade na taxa de conclusão entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos diminuiu ao longo da década, mas ainda permanece significativa. Em 2025, a diferença era de 33,8 pontos percentuais, com 60,4% dos mais pobres concluindo o ensino médio, em comparação com 94,2% dos mais ricos.

Essa diferença alarmante indica que, se o ritmo atual persistir, os jovens mais pobres levarão mais de duas décadas para ter as mesmas chances de concluir o ensino médio que os mais ricos.

Embora menos determinante, a questão racial também desempenha um papel importante. A análise por cor ou raça revela diferenças nas taxas de conclusão entre estudantes brancos/amarelos e pretos, pardos e indígenas (PPI). Em 2025, a taxa de conclusão foi de 81,7% para brancos/amarelos e 69,5% para PPI, uma diferença de 12,2 pontos percentuais.

A disparidade regional também é um fator relevante. As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores evoluções na década, mas suas taxas de conclusão ainda estão bem abaixo das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.

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Para superar esses desafios, é essencial ampliar e acelerar os esforços para evitar a evasão escolar e o atraso na conclusão dos ciclos de ensino. Isso inclui a implementação de políticas de apoio à continuidade de estudos, políticas de complementação de renda e o uso do ensino integral como uma estratégia pedagógica eficaz. Políticas de recomposição das aprendizagens e medidas para reduzir as desigualdades socioeconômicas, raciais e regionais também são cruciais.

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