Manifesto pede mudança na gestão climática e recursos para pequenos negócios

Em um esforço para influenciar as decisões globais sobre o clima, um manifesto intitulado “Por um Desenvolvimento Climático Socioeconômico Justo Centrado nos Pequenos Negócios” foi apresentado durante a COP30, em Belém. O objetivo principal é integrar os micro e pequenos negócios como elementos essenciais na transição ecológica.
O documento, lançado na Green Zone nesta segunda-feira (17), propõe uma reformulação da governança climática. A iniciativa busca romper com as tradicionais abordagens e métricas climáticas, consideradas mais adequadas para o hemisfério Norte, e adaptá-las às realidades das economias tropicais.
O manifesto se baseia em três princípios fundamentais: a interconexão entre clima e desenvolvimento, o valor econômico intrínseco ao meio ambiente e o reconhecimento do território como base das políticas climáticas. A ideia é destacar pontos negligenciados na atual estrutura internacional do clima.
Resultado de extensas pesquisas em diversos biomas brasileiros, o documento aponta para um cenário onde a adaptação climática já ocorre de forma independente das políticas governamentais. Empreendedores estão inovando em suas atividades, reorganizando cadeias de produção, protegendo áreas naturais e estabelecendo redes de apoio para enfrentar eventos climáticos extremos, como secas, inundações e ondas de calor. Essas experiências locais, segundo o manifesto, devem servir como guia para o desenvolvimento de soluções globais.
O presidente Décio Lima enfatizou a importância de reconhecer os pequenos negócios como agentes cruciais na transição para uma economia mais justa e inclusiva. Ele argumenta que as ações internacionais de mitigação e adaptação permanecem incompletas sem a participação ativa dos pequenos negócios, que representam uma parcela significativa da economia brasileira. Lima vislumbra o manifesto como o alicerce para uma aliança de países tropicais, unidos na defesa da reforma da governança climática global e na democratização do financiamento verde.
Entre os instrumentos propostos no manifesto, destacam-se: microfinanças verdes com foco regional, linhas de crédito emergenciais para situações de desastre climático, seguros climáticos simplificados, metodologias municipais para créditos de carbono, padrões de sustentabilidade específicos para os trópicos, reconhecimento do valor econômico dos saberes tradicionais e a criação de um selo de Justiça Climática.
A iniciativa procura impulsionar a estratégia do governo brasileiro de pressionar os fundos internacionais a facilitarem o acesso de economias locais a recursos destinados à adaptação e mitigação climática. Atualmente, tais instrumentos financeiros são considerados praticamente inacessíveis para microempreendedores, cooperativas e municípios de pequeno porte. O objetivo é que a COP30 seja lembrada como o momento em que a diplomacia climática ouviu as comunidades que sofrem os impactos do clima e que os pequenos negócios assumiram um papel central na busca por soluções.
O Sebrae marca presença na COP30 com um estande de 400 m² na Green Zone, apresentando uma experiência imersiva inspirada na Amazônia. O espaço oferece uma plataforma para diálogo, networking, além de promover a inovação, a cultura e a bioeconomia brasileira.
Fonte: agenciasebrae.com.br

