Soja: safra recorde à vista impulsiona otimismo no agronegócio nacional

Apesar de um cenário macroeconômico ainda desafiador, com a taxa Selic mantida em patamares elevados, o agronegócio brasileiro demonstra resiliência, impulsionado pela expectativa de uma safra de soja recorde no ciclo 2025/26. A projeção de expansão da área plantada para aproximadamente 49 milhões de hectares, com uma produção que pode ultrapassar 175 milhões de toneladas, sinaliza que o setor, ao menos para os produtores que investem em tecnologia, continua a gerar margem, mesmo em um contexto diferente dos anos de grande euforia.
Este otimismo se reflete nas estratégias de alguns fundos de investimento. Um gestor da XP Asset, por exemplo, mencionou que os fundos agro da empresa, XPCA11 e XPAG11, aproveitaram o último trimestre para diminuir a liquidez e aumentar as alocações. Mais de R$ 180 milhões foram investidos, incluindo uma nova operação estruturada com a ACP, um dos maiores fornecedores de cana do país, e a inclusão da Serial Ouro no portfólio.
O período também marca o início da colheita da soja e o encerramento da safra sucroenergética, que deve apresentar um desempenho inferior devido aos impactos climáticos de 2024. No mercado de açúcar, a dinâmica se alterou com a recuperação da produção na Índia e na Tailândia, resultando em uma queda nos preços após meses de alta expressiva.
Um especialista da XP Asset apontou que o plantio acelerado no Brasil, impulsionado por chuvas regulares no Centro-Oeste, foi um dos destaques do trimestre, apesar da ausência da China no mercado americano durante boa parte do período. Essa ausência chinesa no mercado americano exerceu grande influência nos preços, favorecendo as travas e fixações no Brasil.
Apesar das margens mais apertadas em comparação com anos anteriores, os produtores que adotam uma gestão eficiente continuam a obter rentabilidade. Consultorias do setor projetam um aumento significativo na produtividade após a quebra recente.
O milho seguiu uma trajetória semelhante, com uma oferta global elevada, uma safra recorde no Brasil e um alívio nos custos para os setores de pecuária, frigoríficos e usinas de etanol de milho. A safrinha alcançou a marca de mais de 112 milhões de toneladas, superando em 10 milhões o recorde anterior.
No mercado de boi gordo, o Brasil se consolidou como uma potência exportadora. As vendas externas atingiram 320 mil toneladas somente em outubro, totalizando 2,5 milhões de toneladas no ano, um aumento de 16%.
Em contrapartida, o mercado de açúcar, que se destacou nos últimos três anos, passou por uma fase de correção. O aumento da oferta devido às fortes chuvas na Ásia resultou no primeiro superávit global desde 2020. No entanto, as usinas permanecem protegidas por altos níveis de fixação. O grande desafio agora reside no preço da próxima safra.
No âmbito do crédito, a alta taxa de juros continua a ser uma preocupação central. A manutenção da Selic em 15% exerce pressão sobre o serviço da dívida, exigindo alongamentos e reforço de caixa. A expectativa é de que haja alívio somente a partir de meados de 2026.





