Cuidar do cliente é cuidar de mim, diz empreendedor negro

Em 2016, a indignação e a curiosidade impulsionaram Anderson Rosa a fundar a Saúda Afro, em Guarulhos, São Paulo. A inspiração surgiu ao perceber a demanda por produtos que representassem a história e o orgulho negro, após uma conversa com uma amiga sobre a transição capilar.
A Saúda Afro não se limita à venda de brincos; ela resgata o orgulho ancestral e preenche lacunas históricas. “Nossos produtos são uma pequena ponte para um propósito maior: jamais esquecer de onde viemos. O design de cada peça conta a história desses grandes nomes”, explica Anderson. Ao usar uma peça da marca, o cliente veste um legado, conectando-se com sua própria história.
De acordo com um estudo recente, o empreendedorismo negro no Brasil tem crescido exponencialmente, com mais de 16 milhões de donos de negócios, representando um aumento de 22,1% na última década. Apesar desse crescimento, a disparidade de renda ainda é notável. Enquanto empreendedores brancos têm um rendimento médio habitual de R$ 4.607, o faturamento entre os negros é de R$ 2.477.
Para Anderson, o crescimento do empreendedorismo entre os negros é um ato de resistência e um retorno às raízes. “O mercado está mudando: os consumidores exigem marcas que apoiem causas. Essa é a nossa maior vantagem”, afirma.
Fau Ferreira, gestora nacional de Afroempreendedorismo, destaca a importância de apoiar esses empreendedores, que movimentam R$ 1,7 trilhão por ano. “Ao apoiar e consumir desses empreendedores, podemos mexer na balança do mercado e redistribuir melhor a renda, fazendo a economia girar”, avalia.
Um dos principais desafios para Anderson é se diferenciar no mercado. “É impossível concorrer com produtos importados se você está vendendo apenas ‘brincos’. Você precisa agregar valor, precisa contar histórias”, explica. A falta de acesso a mentorias e redes de apoio também dificulta o crescimento, levando à solidão do empreendedor.
“Cuidar de tantos detalhes é exaustivo. Foi por isso que a gente criou um processo em que cuidar do cliente é, na verdade, cuidar dos nossos e cuidar de mim”, conclui Anderson, ressaltando a importância da conexão humana no mundo dos negócios.
Fonte: agenciasebrae.com.br

