Diabetes tipo 1 revertida em ratos com tratamento inovador
Uma pesquisa promissora liderada por cientistas da Escola de Medicina de Stanford demonstra a reversão completa da diabetes tipo 1 em ratos, utilizando um tratamento experimental inovador. O estudo, publicado no Journal of Clinical Investigation, aponta para uma possível nova abordagem no tratamento desta doença autoimune.
A diabetes tipo 1 é caracterizada pela destruição, pelo próprio sistema imunológico, das células beta das ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina. A insulina é crucial para permitir que a glicose seja utilizada como energia pelo organismo. Sem ela, os níveis de açúcar no sangue aumentam, levando às complicações da diabetes.
No experimento, os pesquisadores adotaram uma estratégia híbrida, combinando o transplante de células imunológicas saudáveis de um camundongo não diabético com uma “reinicialização” do sistema imunológico do rato doente. O desafio era impedir que o sistema imunológico do receptor atacasse as células transplantadas.
Para “reiniciar” o sistema imunológico, os cientistas utilizaram uma combinação de inibidores imunológicos, baixas doses de radiação e anticorpos específicos. Este processo permitiu que o organismo do rato transplantado convivesse com as novas células sem a necessidade contínua de medicamentos imunossupressores, pelo menos durante o período de quatro meses avaliado. Além do transplante de células das ilhotas do doador, o procedimento envolveu a utilização de células-tronco.
Os resultados foram animadores. O tratamento experimental reverteu o quadro de pré-diabetes em alguns camundongos e curou completamente outros que já apresentavam diabetes tipo 1. Adicionalmente, as células transplantadas, apesar de uma leve inflamação inicial, não foram rejeitadas pelo sistema imune do receptor.
Segundo o pesquisador Seung K. Kim, o objetivo é criar um sistema imunológico híbrido, onde seja possível substituir as ilhotas destruídas e, ao mesmo tempo, impedir que o sistema imunológico continue a destruí-las.
Apesar do otimismo, os pesquisadores enfatizam que a pesquisa ainda está em fase inicial e que muitos desafios precisam ser superados antes que o tratamento possa ser testado em humanos. Um dos obstáculos é a necessidade de que as células do doador sejam transplantadas após o óbito, e que tanto as células-tronco quanto as ilhotas provenham do mesmo doador. A quantidade precisa de células necessárias para o sucesso do procedimento também precisa ser determinada.
Os cientistas agora buscam desenvolver métodos para recriar artificialmente, em laboratório, esse conjunto de células e garantir sua sobrevivência após o transplante.
