Oasis finalmente conquista o brasil com show histórico em são paulo

O Oasis, banda britânica icônica dos anos 90 e 2000, experimentou um reconhecimento tardio no Brasil. Em sua fase original, o grupo nunca atingiu o status de atração de estádio por aqui. A única apresentação para um público considerável foi no Rock in Rio 2001, onde dividiram a atenção com o Guns N’ Roses. Na Argentina, por outro lado, os irmãos Liam (vocal) e Noel Gallagher (guitarra) sempre foram aclamados, tocando em grandes arenas desde 1998.
Entretanto, o tempo parece ter feito justiça a uma das maiores bandas de rock do Reino Unido. Após um hiato de 16 anos, os Gallagher se reuniram com os ex-integrantes Paul “Bonehead” Arthurs (guitarra), Gem Archer (guitarra) e Andy Bell (baixo) para uma turnê que causou grande expectativa. A comoção foi tamanha que os levou a se apresentar no estádio MorumBIS, em São Paulo, em duas noites consecutivas. A formação atual conta ainda com músicos de apoio: Joey Waronker (bateria), Christian Madden (teclado), Jessica Greenfield (backing vocal), Alastair White (trombone), Steve Hamilton (saxofone) e Joe Auckland (trompete).
Estima-se que cerca de 66 mil fãs compareceram a cada noite. Ao contrário do que se observa em reuniões de outras bandas clássicas, o público presente era composto também por jovens. Isso explica não só o retorno do Oasis, mas também a ocupação de espaços grandiosos que, antes, não conseguiam preencher no Brasil.
A base de fãs do Oasis se renovou de forma orgânica. Uma nova geração, alheia às polêmicas dos irmãos Gallagher, descobriu álbuns como “Definitely Maybe” (1994) e “(What’s the Story) Morning Glory” (1995). Este último, um dos 10 álbuns de rock mais ouvidos na história do Spotify, concentrando-se nas músicas, nos riffs, melodias e mensagens. Simples, mas eficaz, como um bom rock.
Os shows no MorumBIS apresentaram canções de melodias marcantes, execuções sinceras e letras que dialogam com todos. “Morning Glory” foi o álbum mais explorado no setlist, com oito de suas doze faixas tocadas, seguido por “Definitely Maybe” (1994) e a compilação de lados B “The Masterplan” (1998), com seis e cinco músicas, respectivamente.
Ainda que a discografia do Oasis seja extensa, é notável que 20 das 23 canções do repertório da turnê de reunião sejam da primeira metade dos anos 90. Liam e Noel parecem ter compreendido o desejo do público pelas canções daquele período, quando a ambição e a determinação dos irmãos em conquistar o mundo eram palpáveis.
Os quatro primeiros números – “Hello”, “Acquiesce”, “Morning Glory” e “Some Might Say” – foram criados em 1995 e trazem alguns dos refrões mais explosivos do catálogo do grupo. O bloco seguinte, com quatro canções de 1994 – “Bring It On Down”, “Cigarettes & Alcohol”, “Fade Away” e “Supersonic” – demonstra a pureza de uma banda que sequer havia alcançado o sucesso quando as gravou.
“Roll with It”, antecedeu o bloco liderado pelos vocais de Noel Gallagher, com as delicadas “Talk Tonight”, “Half the World Away” e “Little by Little”, a única representante de um álbum do século XXI. “Stand by Me” provou-se indispensável, assim como “Cast No Shadow”, dedicada a Richard Ashcroft, e “Slide Away”.
“Whatever”, B-side que explora a voz grave de Liam, justifica sua inclusão no repertório. A partir daí, a apresentação se concentrou em hits incontestáveis: “Live Forever”, “Rock ‘n’ Roll Star”, “The Masterplan”, “Don’t Look Back in Anger”, “Wonderwall” e “Champagne Supernova”.
Ainda não há informações sobre o futuro do Oasis após esses shows. Liam já mencionou que suas manifestações sobre possíveis apresentações futuras geraram desconforto interno, possivelmente por parte de Noel.
