Uso de IA em escolas demanda regras para proteger alunos e professores

Um estudo revelador aponta para o uso generalizado de inteligência artificial (IA) por alunos e professores do ensino médio em escolas públicas e privadas nas capitais de São Paulo e Pernambuco. A pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), revela um cenário de adoção massiva da tecnologia sem a devida orientação ou regulamentação.
Dados anteriores já indicavam a popularidade da IA no ambiente escolar brasileiro, com 70% dos alunos do ensino médio e 58% dos professores utilizando ferramentas de IA generativa para atividades escolares. O novo estudo aprofunda essa análise, mostrando que o uso da IA abrange desde pesquisas básicas até suporte emocional, com alunos relatando o uso como “terapeuta” ou “conselheiro”.
Professores também utilizam intensamente a IA para preparar aulas e apoiar atividades pedagógicas. No entanto, a pesquisa destaca uma preocupante convergência: tanto alunos quanto professores utilizam a IA sem qualquer mediação, orientação ou supervisão das escolas ou de outras instituições.
Segundo o estudo, há uma demanda clara por informações e diretrizes sobre como utilizar a IA de forma ética, segura e responsável. A ausência de regulamentação e políticas claras exige a implementação de ações que capacitem professores e alunos, oferecendo um uso mais seguro e consciente. A formação e a regulamentação são vistas como cruciais para estabelecer normas e orientações, garantindo que as pessoas saibam o que fazer e o que evitar ao navegar nesse universo.
A pesquisa aponta que, diferentemente da internet, a IA entrou no cotidiano escolar de forma abrupta, com alunos e professores utilizando-a amplamente, mas reconhecendo os riscos inerentes a esse uso. Alunos expressam o medo de perder habilidades, de se tornarem dependentes da tecnologia e de comprometer sua criatividade e identidade.
Professores, por sua vez, reconhecem o potencial da IA para otimizar tarefas repetitivas e personalizar atividades de aprendizado, mas mostram preocupação com a falta de conhecimento sobre como mediar o uso da IA pelos alunos. Há relatos de que o uso indiscriminado da IA tem limitado a capacidade de aprendizado dos alunos, impactando negativamente suas habilidades de redação e linguagem.
A pesquisa também revela desigualdades no acesso à infraestrutura digital entre alunos de escolas públicas e privadas, com alunos de escolas privadas tendo maior acesso a equipamentos como computadores, o que torna o uso da IA mais proveitoso. Essa disparidade pode ampliar ainda mais as desigualdades de oportunidades entre os dois grupos.
A adoção segura da IA e a construção de políticas públicas para orientar seu uso exigem o letramento digital, ou seja, a orientação de alunos e professores sobre o funcionamento das ferramentas. Questões importantes incluem a adaptação da tecnologia ao contexto brasileiro e a garantia de que os dados utilizados sejam fidedignos aos problemas internos do país.
A criação de um pensamento crítico também é fundamental, ensinando os estudantes a checar as informações que recebem e a identificar possíveis erros ou vieses presentes nas tecnologias de IA.




