Saber amazônico: ofício das tacacazeiras é reconhecido patrimônio cultural brasileiro

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O preparo do tacacá, prato emblemático da região amazônica, foi elevado à categoria de Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconhece a importância do saber tradicional das tacacazeiras, mulheres que detêm o conhecimento ancestral para o preparo desta iguaria.

O tacacá, que se tornou um símbolo da cultura paraense, é feito com ingredientes como tucupi e goma, extraídos da mandioca, jambu – planta nativa da Amazônia – e camarão seco. A forma como as tacacazeiras preparam o alimento é essencial para a identidade da culinária brasileira.

A importância deste prato transcende o seu sabor. Segundo o Iphan, o tacacá tem origens indígenas, mas sua comercialização ganhou força em um contexto de crise econômica no século XIX, quando mulheres encontraram na venda de alimentos de rua uma forma de sustentar suas famílias. Essa realidade persiste até os dias atuais, representando uma importante fonte de renda para muitas.

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Para Maria de Fátima de Araújo, que possui uma barraca de tacacá em Belém desde 1992, o prato representa o sustento de sua família. Sua relação com o tacacá começou na infância, quando aprendeu a prepará-lo com sua mãe no interior. “Nós tínhamos todos os produtos: tucupi, a goma, jambu, pimenta. Só não tínhamos o camarão que meu pai levava aqui de Belém e lá nós fazíamos todas as delícias do Pará”, relembra.

O conhecimento é transmitido de geração em geração, de mães para filhas, e cada tacacazeira possui sua própria forma de preparar o prato, um segredo de família. Essa ancestralidade foi um dos fatores que influenciaram a decisão do Iphan.

Ivonete Pantoja, presidente da Associação das Tacacazeiras de Belém e filha de Maria, segue o legado da mãe. “É gratificante mesmo hoje saber que a gente é guardiões desse nosso prato típico tão procurado por paraenses e turistas”, afirma Ivonete. “É uma honra concretizar esse momento e saber que a nossa luta não é em vão e eu tenho orgulho hoje de falar que eu sou tacacazeira, com muito orgulho, com muito amor”.

Juntamente com o reconhecimento da atividade das tacacazeiras, o Iphan lançou um plano com cinco eixos para a melhoria da infraestrutura dos pontos de venda: gestão e empreendedorismo; acesso a matérias-primas e insumos; melhoria das condições de comercialização; divulgação cultural e gastronômica; e direito a espaços públicos.

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