Derrocada dos preços da soja pode estar próxima do fim

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Uma análise recente do mercado global de soja sinaliza um cenário mais otimista para os preços internacionais. A safra 2025/26 projeta o menor superávit da oleaginosa dos últimos cinco anos.

De acordo com André Pessôa, presidente da Agroconsult, durante evento da Anec, a oferta e a demanda globais devem se equilibrar, indicando que a queda nos preços pode estar próxima do seu limite.

A Agroconsult estima que a oferta global excederá a demanda em 2,7 milhões de toneladas nesta safra, uma diminuição significativa em comparação com as 13,3 milhões de toneladas da safra 2024/25. Um superávit comparável foi registrado em 2020/21, com cerca de 2 milhões de toneladas, segundo dados do USDA.

Pessôa observou que os preços na Bolsa de Chicago já demonstram uma reação a essa menor disponibilidade de soja no mercado. Ele também mencionou a influência de acordos comerciais entre China e Estados Unidos e a desvalorização do dólar, que impactam as cotações.

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Segundo ele, parte do preço atual da soja reflete a taxa de câmbio, com a moeda americana em queda, o que não parece ser uma preocupação dos Estados Unidos, especialmente com os planos de reindustrialização do governo.

Apesar da perspectiva de melhora nos preços internacionais, Pessôa sugere que os produtores de soja deveriam acelerar a comercialização, que atualmente atinge cerca de 35% da produção estimada.

Embora esse percentual esteja em linha com a média dos últimos cinco anos, a alta taxa básica de juros deveria motivar os produtores a vender a colheita mais rapidamente.

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A Agroconsult prevê uma safra brasileira de 178,1 milhões de toneladas, um aumento de 3,5%, impulsionado principalmente pelo crescimento de 2% na área plantada, alcançando 48 milhões de hectares.

De acordo com a análise, a combinação de alta alavancagem entre os produtores, margens baixas e alto custo de capital poderia limitar a expansão da área plantada. No entanto, a busca por rentabilidade imobiliária, especialmente em regiões de fronteira, onde se observa o maior crescimento da área, também influencia a decisão de plantar soja.

A Agroconsult também projeta ganhos de produtividade para a safra 2025/26, mas expressa preocupações com o clima, especialmente no Rio Grande do Sul, devido ao fenômeno La Niña. Espera-se uma safra quente, o que gera cautela.

Quanto à safrinha, cerca de 85% da área de soja estimada para a safra atual já foi plantada. Após um início acelerado, o ritmo de plantio diminuiu devido à falta de chuvas, resultando em replantio em algumas áreas. A melhoria nas condições climáticas nas últimas semanas permitiu que a semeadura voltasse a acelerar.

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No entanto, não se espera o mesmo nível de produtividade do ano anterior, com a demora no plantio da soja impactando a produtividade do milho em algumas regiões. Em Goiás, por exemplo, metade da área de milho está sob alto risco climático devido ao plantio fora da janela ideal.

A expectativa é de que o milho seja um fator positivo neste ano, com os produtores visando resultados razoáveis. O consumo interno do cereal deve ultrapassar 100 milhões de toneladas, impulsionado pela demanda da indústria de etanol.

A estimativa para a produção de milho safrinha é de 115,9 milhões de toneladas, uma queda de 6,5% em relação à safra anterior. A área plantada deve aumentar 3,8%, atingindo 18,7 milhões de hectares.

Considerando também a primeira safra, o Brasil deve colher 141,6 milhões de toneladas de milho na safra 2025/26, um recuo de 6,2% em comparação com a temporada anterior.

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