Fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis segue no radar

Apesar de não constarem na decisão final da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), os planos para eliminar o desmatamento e a dependência de combustíveis fósseis permanecem em desenvolvimento. A afirmação é da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Em entrevista, a ministra enfatizou que o Brasil manterá a presidência do processo multilateral sobre mudança do clima até o final de 2026. Com o apoio de 82 países, sociedade civil e comunidade científica, a liderança brasileira se comprometeu a dar continuidade aos esforços da conferência.
“A presidência brasileira vai viabilizar os esforços e criar as bases para que cada país possa, de forma autodeterminada, fazer o seu próprio mapa do caminho, tanto para sair da dependência de combustível fóssil, quanto para frear o desmatamento”, afirmou a ministra.
Internamente, o país já trabalha para zerar o desmatamento com políticas adotadas pelo governo federal desde 2003. O Brasil também atua no processo de afastamento dos combustíveis fósseis de forma justa, planejada e gradativa, e avança com uma matriz energética composta por 45% de energia limpa.
De acordo com Marina Silva, apesar de um processo decisório complexo, houve resultados positivos como os indicadores de adaptação, as recomendações de triplicar recursos para a adaptação de países em desenvolvimento, a inclusão de povos tradicionais como contribuidores das ações climáticas, os cuidados especiais com as crianças e a participação das mulheres nas decisões.
A ministra também destacou a intensa participação social na COP30. “Tivemos uma COP30 com alta qualidade na participação da sociedade, da comunidade científica, do setor empresarial. Foi algo realmente surpreendente.”
Além dos mecanismos criados para a mobilização popular, a sociedade esteve presente e atuante em todo o processo de negociação. “A participação social fez a diferença. Foram mais de 300 mil pessoas que passaram pela Zona Verde. Dentro da Zona Azul, uma área que não tinha a tradição de participação social, a presença da sociedade foi incrível.”
Para Marina Silva, o Brasil precisa se preparar para atrair investimentos verdes em um cenário global que não admitirá mais pressão sobre recursos hídricos, floresta e biodiversidade.
“Não é mais a lógica de transformar natureza em dinheiro. É usar o dinheiro que foi ganho em prejuízo da natureza e investir em energia limpa, do sol, do vento, da biomassa, aumentar a produção agrícola por tecnologia, ganho de produtividade, fazer com que os investimentos agora sejam otimizados, não sendo concentrado o lucro em poucos”, disse.
A ministra avalia que é possível transformar a urgência climática em oportunidade de construir um novo modelo de desenvolvimento global. “Esse é o desafio que está posto para a humanidade, principalmente para os governos, para as empresas e o setor financeiro, de olhar para essa crise e estabelecer os novos padrões de desenvolvimento para esse novo normal”, concluiu.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

