Quer fazer amigos? periquitos revelam segredos da conexão social

Um estudo recente da Universidade de Cincinnati lança luz sobre as estratégias de socialização dos periquitos-monge, revelando abordagens cautelosas na formação de novas amizades. A pesquisa, publicada na revista Biology Letters, indica que essas aves “testam as águas” antes de se comprometerem com laços mais estreitos, minimizando riscos e facilitando a coexistência pacífica.
Claire O’Connell, principal autora do estudo e doutoranda na Universidade de Cincinnati, destaca que a sociabilidade traz inúmeros benefícios, mas o início dessas relações requer cuidado. “Muitas espécies de papagaios formam laços fortes com uma ou duas outras aves, passando grande parte do tempo juntas, cuidando umas das outras e até se reproduzindo”, explica O’Connell. A manutenção desses laços sociais está associada à redução do estresse e ao aumento do sucesso reprodutivo.
No entanto, a rejeição por parte de um novo conhecido pode resultar em reações agressivas e até mesmo em ferimentos. Para investigar o processo de formação de amizades, os pesquisadores reuniram grupos de periquitos em um grande viveiro. Alguns indivíduos eram estranhos uns aos outros. A equipe coletou dados detalhados sobre a formação de novos relacionamentos, observando a proximidade entre as aves e registrando os comportamentos amigáveis.
Através de métodos computacionais e modelos estatísticos, os cientistas analisaram mais de 179 interações para verificar se a formação de laços seguia o padrão previsto pela teoria de “testar” relacionamentos. “Capturar os primeiros momentos entre desconhecidos pode ser complicado, por isso ficamos entusiasmados com o fato de nossas experiências nos permitirem observar esse processo de perto”, afirma O’Connell.
Os resultados revelaram que os periquitos desconhecidos se aproximavam com mais cautela do que aqueles que já se conheciam. Eles levavam tempo para compartilhar o espaço antes de se empoleirar lado a lado, tocar os bicos ou se aninhar juntos. Em alguns casos, até mesmo compartilhavam comida ou se envolviam em comportamentos de acasalamento.
A pesquisa da Universidade de Cincinnati encontrou paralelos surpreendentes com um estudo de 2020 sobre morcegos vampiros. Assim como os periquitos, os morcegos vampiros também “testam” as relações, progredindo gradualmente do cuidado social à troca de alimentos com companheiros de confiança. Esses achados sugerem que a abordagem cautelosa na formação de novas amizades pode ser uma estratégia comum em diferentes espécies animais.
Fonte: www.tempo.com

