Eua: bibliotecárias lutam contra a censura em meio à guerra cultural

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Um documentário recente lança luz sobre a crescente onda de censura de livros nos Estados Unidos, revelando uma fratura nos valores civilizatórios do país. “The Librarians”, exibido na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, expõe a batalha enfrentada por bibliotecárias contra o banimento de títulos em bibliotecas escolares e públicas.

O filme destaca a rotina de profissionais que resistem à censura de obras com temáticas de gênero, raça e LGBTQIA+, incluindo clássicos da literatura americana, como os livros da vencedora do Nobel, Toni Morrison. A escalada da censura ganhou força em 2021, quando uma lista de centenas de títulos foi apresentada no Texas por um aliado político de um governador conhecido por combater a “cultura woke”.

Bibliotecárias de diversos condados que se opuseram à censura sofreram represálias, incluindo demissões, ameaças de morte e acusações falsas. Apesar dos riscos, elas demonstram uma convicção enraizada na história de sua profissão: o papel das bibliotecárias como força de trabalho essencial na universalização do livro e da leitura nas escolas públicas.

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O documentário apresenta cenas de arquivo que contrastam com a realidade da censura, além de trechos do filme “Fahrenheit 451”, de François Truffaut, e registros de sessões de censura durante o macartismo.

Uma das bibliotecárias que enfrentou a censura destaca a influência crescente da organização ultraconservadora “Moms for Liberty”. Formado por mulheres brancas de classe média, o grupo promove eventos contra livros e autores que, segundo elas, fariam seus filhos se sentirem “culpados por serem brancos e heterossexuais”.

Apesar de não se aprofundar em certos aspectos, o filme expõe uma realidade já reportada pela imprensa: a censura de livros se intensificou com a volta de um ex-presidente à cena política, ultrapassando a marca de 16 mil títulos banidos. Grande parte dos livros censurados aborda questões de raça, gênero, sexualidade e desigualdades sociais.

Embora o filme se concentre em casos individuais e não mencione entidades que defendem as liberdades democráticas, ele serve como um alerta sobre a importância de defender os direitos fundamentais e combater a tirania, que pode se manifestar em democracias corroídas por ações orquestradas de grupos políticos.

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“The Librarians” destaca a importância da liberdade de expressão, pensamento e associação, bem como o acesso à informação, preceitos fundamentais para a manutenção da democracia.

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