Tarifas e crédito: bndes libera R$ 10 bi para empresas atingidas

Em resposta à intensificação das tensões comerciais com os Estados Unidos e à imposição de tarifas adicionais sobre produtos brasileiros, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 9,72 bilhões em financiamentos destinados a empresas impactadas. A iniciativa faz parte do Plano Brasil Soberano, criado para mitigar os efeitos das medidas adotadas pelo governo americano.
Ao todo, foram realizadas 717 operações de crédito. Um total de 171 grandes empresas obtiveram aprovação para receber recursos, enquanto 546 micro, pequenas e médias empresas também foram contempladas, demonstrando o esforço para proteger tanto os grandes atores do mercado quanto a base da cadeia produtiva.
De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o plano foi crucial para proteger empregos e fortalecer a resiliência da indústria nacional diante de um ataque unilateral. Ele destacou que os recursos aprovados reforçam o papel do banco na implementação de uma política pública bem-sucedida.
Os estados que mais se beneficiaram com os financiamentos foram São Paulo, com R$ 2,96 bilhões aprovados, seguido pelo Rio Grande do Sul (R$ 1,33 bi), Santa Catarina (R$ 1,26 bi) e Paraná (R$ 1,08 bi), evidenciando a concentração do auxílio no eixo industrial do país. A indústria de transformação foi o setor mais afetado pelas tarifas, absorvendo R$ 7,8 bilhões do montante total, enquanto o comércio e serviços receberam R$ 1,21 bilhão.
Embora os Estados Unidos tenham recuado em algumas tarifas em novembro, retirando carnes, café e algumas frutas da lista, a pressão permanece. Segundo Nelson Barbosa, diretor do BNDES, a maior parte da indústria brasileira ainda enfrenta uma sobretaxa adicional de 40%.
Para facilitar o acesso ao crédito, o governo reabriu as consultas de elegibilidade no final de novembro e ajustou as regras. Essa medida resultou em um aumento significativo na demanda, com 267 novos pedidos totalizando R$ 4,55 bilhões.
Anteriormente, o crédito era destinado a empresas com faturamento de exportação para os EUA superior a 5% do total. A nova regra reduziu esse limite para 1%, e agora, os fornecedores dessas empresas exportadoras também podem solicitar o apoio financeiro. Essa mudança visa proteger não apenas os exportadores diretos, mas toda a cadeia de produção.
Em meio aos debates sobre os rumos da economia, empresários buscam informações e preenchem formulários para garantir a sobrevivência de suas operações em meio a uma guerra comercial que ainda não apresenta sinais de trégua. A linha de crédito do BNDES se tornou o principal mecanismo de defesa disponível para as empresas brasileiras.


