Fim das apostas com bolsa família: entenda a proibição
A utilização do Bolsa Família em plataformas de apostas online está sob novas restrições. A medida, já em vigor, impede que milhões de beneficiários do programa social depositem ou façam apostas em sites regulamentados. A decisão é resultado de recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) e uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), visando proteger os recursos destinados a famílias em situação de vulnerabilidade e reduzir sua participação no mercado de apostas.
Dados do TCU revelaram que, somente em janeiro, beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3,7 bilhões para casas de apostas, representando 27% do valor total pago pelo programa naquele mês. Esse cenário motivou a criação de um mecanismo de bloqueio permanente, com monitoramento contínuo das plataformas para impedir que recursos públicos alimentem o setor de apostas.
Sob as novas regras, todas as plataformas de apostas regulamentadas devem cruzar suas bases de clientes com uma lista oficial de CPFs de beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Qualquer tentativa de cadastro, depósito ou aposta por pessoas nessa lista será automaticamente recusada.
Para contas já existentes, o perfil do usuário será bloqueado e o saldo remanescente, integralmente devolvido. As empresas são obrigadas a manter um filtro atualizado, ajustando os registros sempre que o governo alterar a relação de CPFs. O objetivo é impedir que benefícios sociais subsidiados pelo orçamento federal sejam desviados para apostas, que podem gerar endividamento entre pessoas vulneráveis.
Estimativas do setor indicam que o bloqueio pode reduzir em cerca de 20% a base de clientes dos sites regulamentados. Embora formada por apostas de pequeno valor, essa fatia era frequente e engajada em promoções e bônus. A mudança exige revisão de estratégias de marketing e aquisição de usuários pelas empresas.
As empresas precisam criar processos internos de verificação e atualização diária dos CPFs bloqueados. Falhas podem resultar em multas e sanções regulatórias. Além disso, o setor deve manter transparência sobre estornos de saldo e comunicação clara aos usuários afetados.
O Bolsa Família paga um benefício mínimo de R$ 600 a aproximadamente 19 milhões de famílias, cuja renda mensal per capita não ultrapassa R$ 218. O levantamento do TCU mostrou que 4,4 milhões das famílias atendidas movimentaram recursos para casas de apostas em janeiro, indicando que parte dos recursos do programa eram utilizados em apostas online.
O bloqueio atua como uma medida de proteção, impedindo o acesso facilitado às apostas e protegendo contra o aumento do endividamento. Além disso, busca prevenir fraudes, já que algumas contas vinculadas ao Bolsa Família eram utilizadas por terceiros, dificultando o rastreamento de recursos.
A decisão do bloqueio é resultado de uma determinação do STF para que o governo federal implementasse mecanismos para impedir que recursos de programas sociais fossem usados em apostas online. O TCU reforçou a decisão com dados sobre o impacto bilionário das apostas realizadas com recursos do Bolsa Família.
As casas de apostas regulamentadas precisam evitar incentivar o uso do Bolsa Família e impedir qualquer transação de CPFs incluídos na lista do governo. O cumprimento rigoroso dessas regras é fiscalizado pelo Ministério da Fazenda.
A medida tem gerado opiniões divergentes. Especialistas em proteção ao consumidor consideram que o bloqueio é essencial para reduzir o risco de superendividamento. Críticos apontam que a medida representa uma intervenção excessiva do Estado na liberdade individual.

