A bolha da inteligência artificial pode estar prestes a estourar

Especialistas alertam que o rápido crescimento da inteligência artificial pode esconder uma bolha prestes a estourar, afetando todo o mercado global.

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A inteligência artificial (IA) se tornou o centro das atenções no mundo da tecnologia. Empresas gigantes, como Microsoft, Nvidia e OpenAI, estão apostando bilhões de dólares nesse setor que promete transformar o mercado global. No entanto, entre analistas e investidores, cresce o receio de que o que vemos hoje possa ser apenas uma bolha prestes a estourar — algo semelhante ao que aconteceu com as empresas “ponto com” nos anos 2000.

Nos últimos anos, a corrida pela IA fez com que o valor de mercado de grandes companhias subisse rapidamente. A Nvidia, por exemplo, passou a valer trilhões de dólares impulsionada pela demanda por chips que alimentam sistemas de inteligência artificial. Porém, especialistas apontam que parte dessa valorização se sustenta em expectativas infladas e em um ciclo fechado de investimentos entre as próprias gigantes do setor. Ou seja, empresas que investem umas nas outras, gerando um aparente crescimento que pode não refletir lucro real.

Essa prática, conhecida como round tripping, cria uma espécie de espelho de prosperidade: companhias contratam serviços entre si, elevam artificialmente suas receitas e, com isso, atraem mais investidores. O problema é que, caso esse sistema perca o equilíbrio, o impacto pode ser devastador para todo o mercado tecnológico. Afinal, boa parte do valor das bolsas de valores — especialmente nos Estados Unidos — está concentrada em poucas empresas de tecnologia.

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De acordo com analistas, as chamadas “Magnificent Seven” (Microsoft, Nvidia, Meta, Alphabet, Apple, Tesla e Amazon) representam mais de um terço de todo o valor das ações negociadas nos EUA. Apenas a Nvidia responde por quase 20% desse total. Essa dependência extrema torna o sistema vulnerável: se uma delas falhar, o efeito dominó pode atingir aposentadorias, fundos de investimento e o mercado global.

Outro ponto alarmante é que, apesar da popularidade da IA, poucas empresas realmente lucram com ela. As big techs divulgam grandes avanços, mas seus relatórios financeiros mostram que a maioria ainda não obteve retorno expressivo. Os custos com pesquisa, infraestrutura e energia são altos, enquanto a receita direta proveniente da IA ainda é pequena. Essa diferença entre expectativa e realidade é o que muitos especialistas chamam de “combustível da bolha”.

Enquanto isso, startups menores enfrentam desafios para manter seus negócios viáveis. Muitas delas dependem de contratos com grandes plataformas, o que limita sua margem de lucro. Quando tentam ajustar preços para equilibrar custos, acabam perdendo usuários e relevância no mercado.

A dúvida que fica é: quando essa bolha vai estourar? Ninguém sabe ao certo. Pode levar meses ou anos. Mas o consenso entre analistas é que o setor precisa de resultados reais — e não apenas promessas — para evitar uma crise semelhante à de 2008. Até lá, o brilho da inteligência artificial pode continuar encantando o mercado, mas o medo do colapso ronda o coração do Vale do Silício.

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