A máquina de 60 toneladas que promete capturar o poder do sol
China apresenta robô de 60 toneladas para reatores de fusão, reforçando sua liderança global na pesquisa e tecnologia de energia limpa.

A China deu um passo marcante em direção ao futuro da energia limpa ao apresentar um robô de 60 toneladas projetado para operar em reatores de fusão nuclear. A revelação ocorreu durante a 30ª Conferência Internacional de Energia de Fusão da AIEA, realizada em Chengdu, e simboliza o avanço do país na busca por dominar uma das tecnologias mais promissoras da atualidade. O sistema, chamado Kuafu, promete transformar as operações de manutenção em reatores e reforça o objetivo chinês de liderar o setor global de fusão nuclear.
O sistema Kuafu foi desenvolvido por uma equipe de mais de 300 cientistas e engenheiros do Instituto de Física de Plasma da Academia Chinesa de Ciências. Com três braços mecânicos, ele é capaz de levantar 60 toneladas, o equivalente ao peso de cerca de 10 elefantes africanos, mantendo um nível de precisão milimétrica mesmo sob condições extremas de calor e radiação. A inspiração para o nome vem da lenda chinesa de Kuafu, o gigante que tentou capturar o sol — uma analogia direta ao desafio de dominar a energia que alimenta as estrelas.
Segundo especialistas, o Kuafu é considerado o sistema de manuseio remoto mais avançado já criado para aplicações em fusão nuclear. Durante os testes realizados em setembro, a plataforma demonstrou precisão de até ±0,01 milímetro, superando amplamente os padrões atuais da indústria. Essa tecnologia é essencial para o futuro da fusão, já que os reatores operam em ambientes inóspitos, onde nenhuma intervenção humana é possível.
Além do robô, a estratégia da China envolve investimentos massivos em pesquisa e infraestrutura. O governo anunciou recentemente a criação da China Fusion Energy Company, subsidiária da China National Nuclear Corporation, com capital inicial de 15 bilhões de yuans (cerca de US$ 2,1 bilhões). O objetivo é acelerar a comercialização da fusão nuclear, fortalecendo a posição do país como líder no desenvolvimento dessa fonte de energia sustentável.
Durante o evento, a China também foi reconhecida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como o primeiro Centro Colaborador de Pesquisa e Treinamento em Energia de Fusão. Esse título reforça o papel do país como protagonista no avanço científico e tecnológico do setor, promovendo cooperação entre universidades, centros de pesquisa e empresas internacionais.
Com o Kuafu e os novos investimentos, a China não apenas reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, mas também se aproxima de um marco histórico: tornar a fusão nuclear uma realidade prática e segura. A expectativa é que, com essas iniciativas, o país lidere uma nova era energética baseada em eficiência e menor impacto ambiental.